VILANOVA ARTIGAS: ANÁLISE DA METODOLOGIA PROJETUAL DO ARQUITETO PARA O PARQUE CECAP - GUARULHOS

Evandro Barbosa

Resumo


A retomada da construção de conjuntos habitacionais, no período de governo do Presidente Juscelino Kubitschek, demonstrou o interesse do poder público em atender as demandas do mercado imobiliário. Os projetos modernistas de habitação de interesse social praticados pelos Institutos de Aposentadorias e Pensões - IAPs influenciaram fortemente a produção habitacional e a formação profissional dos arquitetos nas décadas seguintes. A partir daí, as propostas passaram a proporcionar melhor qualidade de vida aos moradores, com usos mais coletivos e humanizados. No caso do Conjunto Habitacional Zezinho Magalhães Prado, conhecido popularmente como Parque CECAP - Guarulhos, o novo pensamento progressista aparece na proposta de um projeto marcado pela melhoria da qualidade de vida dos moradores, sendo introduzida uma metodologia de planejamento para conjuntos habitacionais, desenvolvida segundo princípios de zoneamento e setorização. Procurando fugir da produção em série, a Caixa Estadual de Casa para o Povo - CECAP apresentou uma proposta de humanização dos conceitos associados aos conjuntos habitacionais tradicionais, prevendo a instalação de equipamentos urbanos e sociais ao seu programa de necessidades, os princípios de modernidade e racionalidade associados à preservação do meio ambiente e à qualidade de vida do usuário. Deste ponto, a análise sobre o arquiteto João Batista Vilanova Artigas e seu envolvimento junto com o projeto do Parque Cecap, em parceria com os arquitetos Fábio Penteado e Paulo Mendes da Rocha, recebe a função de elaborar uma vila para operários das regiões entre Guarulhos e Cumbica, adequando a planta do projeto de maneira que o homem fosse o favorecido, onde não só foi desenvolvido o sistema produtivo em série das edificações, como focado no nível de qualidade de vida dos operários. O conjunto habitacional, construído na década de 60, para atender uma população inicial de 55.000 habitantes, funcionou como modelo de política estadual, destacando-se com suas fachadas contínuas, suspenso sobre pilotis, janelas em fita e pavimento térreo livre, no interior das moradias, a utilização da planta livre e elementos peculiares como a valorização do espaço público e industrialização da construção, demonstrando sua identificação com os conceitos modernistas difundidos por Le Corbusier e os CIAMs. Tratando-se dos aspectos arquitetônicos do projeto, destacamos o princípio da racionalização da obra, que se identifica no processo de redução dos espaços internos dos apartamentos, assim como a instalação de armários embutidos nas paredes da fachada. As unidades possuem janelas horizontais preenchendo toda fachada do prédio, possibilitando uma ventilação cruzada e entrada de iluminação solar. Os blocos são formados a partir da ligação em dois prédios com um espaço entre os mesmos dedicado a um jardim, onde se situam as escadas de acesso. No entanto é necessário destacar que, apesar do desempenho dos arquitetos em concretizar o projeto em geral, diversas estruturas e construções que faziam parte do projeto não foram finalizados, causando certo desapontamento do mesmo, ainda assim, não é possível desconsiderar os importantes aspectos que foram incorporados ao projeto, bem como o papel que representa como uma forma nova de pensar o modo de construir e planejar a habitação social no país.

Palavras-chave


Projeto. Habitação. Modernismo.

Texto completo:

PDF () PDF


1) UnG - Universidade Guarulhos 2) Indexador: Latindex 3) Indexador: Dialnet