ASPECTOS PSICOLÓGICOS OBSERVADOS EM CRIANÇAS COM OBESIDADE: ESTUDO SOBRE PERSONALIDADE E AUTOCONCEITO

Priscila Rosa Braz, Paulo Francisco de Castro

Resumo


O presente estudo descreve os aspectos de personalidade e autoconceito observados em crianças com obesidade. As crianças, devido aos comportamentos observados na sociedade moderna, estão, cada vez mais, desenvolvendo quadros de obesidade precocemente. Participaram do estudo 25 crianças com diagnóstico de obesidade e todas foram submetidas à aplicação de dois testes psicológicos: Escala de Traços de Personalidade para Crianças (ETPC) e Escala de Autoconceito Infanto-juvenil (EAC-IJ). Os dados obtidos foram comparados aos resultados dos estudos normativos apresentados nos manuais dos testes e publicações na área. Os dados mais incidentes indicados pelo ETPC revelaram que: todas as crianças que participaram do estudo indicaram resultados rebaixados no item psicoticismo, revelando preocupação com os outros, socialização adequada e com sensibilidade afetiva, possuem inclinação à sensibilidade e à autopreservação. No item extroversão, a maior parte das crianças (96% - N=24) demonstrou valores elevados no item, o que pode ser interpretado como certa impulsividade, despreocupação, sendo indivíduos otimistas, espontâneos e abertos às relações interpessoais. Em relação ao item sociabilidade, pouco mais da metade das crianças analisadas (52% - N=13) apresentou valores na média em tal aspecto, revelando capacidade de contato social, mas sem internalizá-lo de forma intensa. Quanto ao item neuroticismo, a maioria das crianças (48% - N=12) apresentou valores elevados, podendo ser descritas como ansiosas, com tendência depressiva, associado a sentimentos de culpa e baixa autoestima, que pode levar a oscilações de humor e emotividade. Os dados mais significativos da EAC-IJ indicaram: quanto ao autoconceito escolar, 68% (N=17) das crianças apresentaram resultados rebaixados, revelando que estas se avaliam como pouco capazes para os estudos, acreditam que suas idéias são rejeitadas, não conseguem liderar e consideram que não são vistas como pessoas boas e divertidas na escola. Já quanto ao autoconceito social, pode-se perceber que pouco mais da metade das crianças analisadas (52% - N=13), apresentou valores rebaixados revelando que se avaliam como distantes e pouco interessantes para os contatos, com tendência a se isolarem quando fracassam em alguma tarefa e se vêem também sem condições de ajudarem seus amigos. No autoconceito pessoal, mais da metade (60% - N=15) das crianças estudadas, indicou valores rebaixados, revelando que se avaliam como preocupadas, nervosas e com medo diante das vivências cotidianas. Por fim, no autoconceito familiar observou-se que novamente, mais da metade (56% - N=14), apresentou valores rebaixados, revelando que se avaliam como tristes e descontentes com seus familiares, relapsas com as tarefas rotineiras no lar. Assim, em síntese, observa-se certo prejuízo no autoconceito que as crianças com obesidade constroem, além de características de extroversão e certo desconforto ou sofrimento psicológico. Outros estudos corroboram os dados obtidos na presente pesquisa. Pela pertinência do tema, sugere-se a ampliação das investigações na área.

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