A FAMÍLIA E A CODEPENDÊNCIA QUÍMICA

Peterson Rodrigo Carvalho, Alessandra Cássia Ribeiro Chrisostomo

Resumo


Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o abuso de drogas é considerado uma epidemia social, apresentando três fatores fundamentais: o agente (a droga), o hospedeiro (o individuo), e o ambiente favorável (família, grupo e ambiente). Ainda para (OMS) existem dois tipos de dependência química: Dependência Psíquica, onde o individuo tem o sentimento de satisfação exigindo a administração contínua da droga para produzir prazer ou evitar mal-estar, e a Dependência física: estado de adaptação que se manifesta pelo aparecimento de intensos transtornos físicos quando se interrompe a administração da droga. O uso excessivo de drogas vem crescendo a cada dia, e a consequência desse crescimento, é a dependência química que é uma doença progressiva e multifatorial. Vivemos na era digital, onde temos acesso às diversas informações, mas a família continua sendo o padrão influenciador do indivíduo. Nenhuma família tem a expectativa de ter um membro como dependente químico, é mais fácil presumir que isso só aconteça com outras famílias, e é por pensar assim, que muitas famílias não conversam sobre o poder destrutivo das drogas. Todavia, a maioria das famílias ainda não vê a dependência química como uma doença, mas sim, como uma associação à criminalidade, descaso e em vários casos como falta de caráter; situação esta que acaba por adiar o tratamento, o que aumenta sua complexidade. O poder destrutivo que as drogas psicoativas possuem, vai além da degradação do dependente químico, atinge também seus familiares, tornando-os codependentes químicos, ocasionando sentimentos e sofrimentos, cujas consequências se dão no campo psicológico, emocional, físico, comportamental, cultural e espiritual. O relacionamento e a convivência intrafamiliar é o elo que ocasiona sofrimento e sentimentos destrutivos, cuja consequência é o adoecimento mental e físico, e consequentemente ocasionam uma maior fragilização dos vínculos. Codependentes são familiares, podem ser pais ou cônjuges, que vivem em função da pessoa com dificuldades emocionais, desenvolvendo uma proteção compulsiva, tornando-a motivação para suas vidas, sentindo-se culpados e responsáveis pelos dependentes e por suas vidas. É importante diferenciar os comportamentos saudáveis de amor e cuidado, existente nas relações afetivas, é esta reflexão que este trabalho científico se propõe. A ampliação desse olhar se faz necessária, para que ocorra a superação da apreensão fragmentada do dependente, na proposição de uma visão ampliada sobre o problema, que inicialmente é a droga. Compreendemos o fenômeno da dependência como a manifestação de um sintoma que reflete e esconde uma intrincada rede de relações, na qual o indivíduo se insere. Significa entender o dependente como parte integrante de um sistema - o familiar - do qual a dependência, como sintoma, é resultante das interações recíprocas entre seus membros, e, ainda, entender a família como parte de um universo ainda mais amplo, que é a sociedade.

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