ARTE E LOUCURA: A INCLUSÃO DO SUJEITO PSICÓTICO NA SOCIEDADE

Caroline Elizabeth Nickel Torres, Hebe de Camargo Bernardo

Resumo


A tematização da exclusão do sujeito psicótico da sociedade tem sido objeto de estudo em diversas áreas como Psicologia, Psiquiatria e demais Estudos Sociais. No início do século XIX, a loucura passou a ser assunto do discurso religioso, que em associação com o governo, progressivamente, se encarregou de retirá-la do contexto social, isolando-a nas celas fortes dos porões de hospitais psiquiátricos e nas prisões públicas.
A partir da década de 70, perceberam-se no país alguns movimentos de crítica ao modelo de hospital no que se refere especificamente à assistência psiquiátrica. A violência vivenciada nos manicômios e a exclusão social já eram pautas de discussões que reivindicavam os direitos do doente mental. Os principais questionamentos se relacionavam ao modelo privatista e à sua incapacidade de realizar um atendimento que de fato considerasse as necessidades de seus usuários. Entretanto, ainda não havia um modelo de cuidado estabelecido e tampouco uma proposta estruturada de intervenção clínica.
Em meados do século XIX e durante o século XX, os âmbitos da arte, clínica e loucura começam a dialogar. Esse território se ampliou em conjunto com as relações e o surgimento da terapia ocupacional brasileira, onde esta tem como primeiro plano a psiquiatria, também as entidades asilares e o uso da ocupação que ocorriam nessas instituições.
Profissionais como Nise da Silveira e Osório Cesar tomaram a frente deste novo olhar com o doente mental, e foram de suma importância na compreensão e nova forma de tratar a relação existente entre arte-loucura e suas implicações culturais.
Na produção artística, as imagens em seus valores expressivos constituem novas representações que transformam o sentido de cisões que caracterizam o estado psicótico da mente. A arte reverte-se num viés pelo qual cada indivíduo procura buscar sentido de suas experiências internas que o caracterizam como ser humano. A arte pode ser considerada como tentativa de sobrevivência a desintegração da personalidade, uma vez que o indivíduo a utilizará como meio de expressão emocional e de comunicação para seus conteúdos mais íntimos. O produto resultante das criações artísticas está presente no campo real e simbólico, estabelecendo uma linguagem e enlaçamento social, permitindo a inclusão do sujeito psicótico no campo das trocas sociais.

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