O PERSONAGEM INDÍGENA NO DISCURSO MIDIÁTICO SOBRE A CONSTRUÇÃO DA USINA HIDRELÉTRICA DE BELO MONTE (2010-2013)

Alex Araujo Moreira Alves, Ana Claudia Fernandes Gomes

Resumo


A partir da análise de 686 publicações nos jornais Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo sobre a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte é possível mensurar o tratamento dado pela mídia em relação ao indígena? A metodologia utilizada foi a análise da realidade social a partir da estrutura linguística e simbólica dos textos divulgados nos jornais, que promovem a caracterização e construção do discurso em relação aos indígenas e sua interpretação cultural da construção da Usina, por meio da análise de conteúdo, o qual permitiu-se sistematizar como método empírico o conteúdo divulgado pelos jornais, analisando sua estrutura argumentativa do discurso jornalístico. A construção da usina iniciou-se ainda na década de 70, seus estudos de viabilidade percorreram uma década e esta etapa provocou a reação dos povos indígenas da região para os impactos ambientais. No final da década de 80, em audiência pública, houve um embate intensamente retratado pela mídia, que contribuiu para a mobilização de diferentes categorias da sociedade a discutir o assunto, na época a construção da Usina foi interrompida e perdeu o financiamento do Banco Mundial. O recorte estabelecido refere-se aos anos de 2010 a 2013, período em que o projeto foi retomado. Dentro do período analisado nota-se que a tematização sobre a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte aborda em sua maioria temas como manifestações, questões de mercado e disputas judiciais. É na perspectiva de conflito que o personagem indígena é inserido conforme são divulgados denúncias e estudos contrários à obra. Portanto à medida que se questionam os direitos dos povos indígenas e o não cumprimento dos mesmos, adota-se o tom de conflito e desentendimento nos meios de comunicação analisados. O personagem indígena dentro do discurso midiático analisado é destituído de sua história, identidade social e cultural; e transformado então em personagem; denota-se que sua presença discorre nas reportagens que tematizam manifestações, alternando entre figura principal na militância ou defendida por figuras públicas, exercendo então, um papel de complementariedade na tônica das manifestações e movimentos contrários a obra.

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