FEIÇÕES DE LIQUEFAÇÃO NO VALE DO RIO SANTO ANASTÁCIO (SP) INDICAÇÕES DE ATIVIDADE SÍSMICA QUATERNÁRIA?

Ivan Claudio GUEDES, Mario Lincoln C. ETCHEBEHERE, Norberto MORALES, José Cândido STEVAUX, Gisele de Cássia SANTONI

Resumo


Estruturas de liquefação, quando originadas de processos de vibração sísmica (sismitos), configuram-se como importante instrumento de investigação neotectônica. Tais estruturas aparecem em zonas meizossísmicas (meizoseismic zones zonas de maior deformação em superfície), associadas a eventos com magnitude superior a 5, e o estudo de sua tipologia, porte e distribuição espacial contribuem para o delineamento de epicentros de paleossismos, bem como para a estimativa de suas magnitudes. Este trabalho objetiva reportar a ocorrência de estruturas de liquefação no vale do rio Santo Anastácio aqui reputadas como inéditas , analisar a possibilidade delas terem origem sísmica, e cotejá-las com informações similares obtidas na vizinha bacia do Rio do Peixe. As feições encontradas no vale do Rio Santo Anastácio estão alojadas em depósitos aluviais e compreendem tanto intrusões arenosas (diques, sills, brechas intraestratais) quanto extrusões (vulcões de areia). O material arenoso liquefeito apresenta-se hoje como maciço, friável, branco (textura sacaróide), com fragmentos e lascas de sedimentos encaixantes. O contexto geológico e
geomorfológico local possibilita excluir, a priori, a possibilidade de tais estruturas estarem vinculadas a processos de artesianismo ou a movimentos de massa. Considerando que as estruturas de liquefação afetam camadas de argila escura (32.340+/-320 anos A.P. por datação 14C), entende-se que o eventual sismo que as tenha gerado teria ocorrido aquém de tal data. A correlação desses achados com as estruturas similares constatadas na vizinha bacia do Rio do Peixe ainda encontra-se aberta, pois os 3 eventos sísmicos identificados naquela área teriam idades inferiores a 33 ka A.P. Quando e se for possível precisar a correlação com um daqueles sismos, poderá haver ampliação da zona meizossísmica e, por conseguinte, ampliação do valor estimado da magnitude sísmica do paleoterremoto.

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