ACIDENTE DE TRABALHO COM EXPOSIÇÃO BIOLÓGICA: PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM NOTIFICADOS EM HOSPITAL DE REFERÊNCIA

Anderson Izidio da Silva, Manuela de Aguiar Santos Ribeiro

Resumo


Introdução: Acidente de trabalho com exposição à material biológico (ATEMB) por definição ministerial é todo acidente que envolva contato com sangue e outros fluidos orgânicos entre os profissionais de saúde durante o seu trabalho, aonde estão expostos a materiais potencialmente contaminados com o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e os vírus da hepatite B e C. Agravo de notificação compulsória semanal, conforme Portaria do Ministério da Saúde n°204 de 17/02/2016 e Portaria da SES-PE n° 390 de 14/09/2016. Recomenda-se a Profilaxia Pós Exposição (PEP) de acordo com o material envolvido no acidente, o tipo de exposição, o tempo ocorrido entre a exposição e o atendimento e a condição sorológica para o HIV e hepatites virais do funcionário exposto e da pessoa fonte. A vigilância epidemiológica hospitalar é essencial para detectar, notificar e investigar esse agravo. Objetivo: Descrever o perfil epidemiológico dos casos notificados para Acidente de Trabalho com Exposição à Material Biológico nos profissionais de enfermagem em hospital de referência para doenças infectocontagiosas no Recife. Método: Trata-se de um estudo com finalidade aplicada, abordagem quantitativa, com objeto de pesquisa descritivo e retrospectivo. Os dados foram obtidos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação e pelo aplicativo TabWin do local do estudo, sendo analisadas as variáveis: local do acidente, sexo, idade, material orgânico, tipo de exposição, uso de luva como EPI, situação vacinal para hepatite B, o agente envolvido e a circunstância do acidente. As tabelas e gráficos foram realizados no programa Excel 2010. A variável situação no mercado de trabalho foi excluída por ter apresentado cerca de 20% de ignorados/branco. Resultados e discussão: Foram notificados 1337 casos de ATEMB no período de 01 de janeiro de 2016 a 31 de dezembro de 2016, dos quais 14 (1,1%) eram funcionários do hospital de referência, 93% de outras instituições, tanto da área de saúde (pública, privada e conveniada) como de outras áreas de trabalho e 5,6% com local do acidente ignorado. Do total de casos 49,1% eram da categoria de enfermagem, e entre esses 86,4 eram técnicos de enfermagem. No total da categoria enfermagem predominou: sexo feminino (88,1%), faixa etária 20 a 49 anos (88,3), material orgânico sangue (77,6%), exposição percutânea (88,1%), uso de luva como EPI 67,9% porém 25,4% não fizeram uso do EPI; 75,3% dos casos estavam vacinados para hepatite B mas15, 4% não sabiam referir se eram vacinados e 9,3% não eram vacinados ou com vacinação incompleta; o agente envolvido mais freqüente foi agulha com lúmen (± 60%)e em 19,2% dos casos o acidente ocorreu devido a administração de medicação endovenosa. Conclusão: Recomenda-se capacitação sobre o uso de barreiras de proteção quando da realização de procedimentos de rotina de enfermagem e a realização de boas práticas que minimizem o risco ATEMB para todos profissionais de enfermagem. Preconiza-se que o atendimento seja realizado nos serviços aonde ocorreu o acidente, em virtude da importância do início precoce da PEP, do acompanhamento do funcionário exposto e do encerramento do caso.

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