ESTUDO COMPARATIVO DA RELAÇÃO PU:CU COM A DOSAGEM DE PROTEÍNA OBTIDA ATRAVÉS DA TIRA TESTE NA URINÁLISE DE CÃES E GATOS

Mariana Ferreira Rossi, Ana Paula Fontes, Bruna Fernanda Lima de Souza, Julia Codo Aruk, Aline Machado Zoppa, Viviane Marques Guyoti

Resumo


Introdução: A urinálise é um dos exames laboratoriais mais solicitados em medicina veterinária. Por meio dos resultados macroscópicos, físico-químicos e microscópicos, o clínico pode receber informações para o diagnóstico de diversas enfermidades. A presença de qualquer tipo de proteína na urina pode ocorrer em condições patológicas ou fisiológicas, as quais envolvam o comprometimento do limiar renal de absorção. A excreção diária normal de proteína na urina de cães e gatos é de, 10-30 mg/kg e as fitas reagentes usadas na análise físico-química, detectam concentrações proteicas entre 30 e 500 mg/dL. Já a relação proteína:creatinina urinária (PU:CU), é um parâmetro que, quando solicitado junto à urinálise, informa com mais sensibilidade a gravidade das lesões renais e/ou a progressão da doença. Objetivo: O objetivo do estudo foi correlacionar os resultados obtidos entre as duas técnicas: presença de proteinúria na urina através da fita reagente e os resultados da PU:CU em cães e gatos atendidos no Hospital Veterinário (HOVET) da Universidade Anhembi Morumbi. Materiais e métodos: Foi realizado um estudo retrospectivo de pacientes atendidos no HOVET, no período de agosto de 2018 a julho de 2019. Fizeram parte do estudo todos os animais cujos exames solicitados envolveram a urinálise e a relação PU:CU. Para a análise dos dados os casos foram distribuídos em 5 grupos distintos, de acordo com a presença de proteinúria na avaliação química da urinálise e respectivo intervalo de proteinúria presente na fita reagente sendo: GI proteinúria negativa, GII proteinúria + (ou 30 mg/dL) , GIII proteinúria 2+ (ou 100 mg/dL) e GIV proteinúria 3+ (ou 500 mg/dL). Resultados e Discussão: Os resultados obtidos com a análise dos dados foram: GRUPO I (n=17, PU:CU médio de 0,57); GRUPO II (n=42, PU:CU médio de 1,0), GRUPO III (n=13, PU:CU médio de 2,37) e GRUPO IV (n=8, PU:CU médio de 2,21). O GI apresentou proteinúria significativa pela dosagem PU:CU porém, a proteinúria não foi identificada pela fita reagente. Segundo o IRIS (International Renal Interest Society), cães com PU:CU >0,5 e gatos com PU:CU >0,4 são considerados animais proteinúricos. Os valores médios de PU:CU entre os GIII e IV não apresentaram diferença significativa (2,38 e 2,21, respectivamente), enquanto que o GIV apresentou valores médios menores do que o GIII. Para estes grupos a dosagem da fita reagente se mostrou imprecisa, por estipular uma amplitude significativa entre seus valores de referência para a proteinúria (entre 100 e 500 mg/dL). Conclusão: A dosagem da PU:CU é mais sensível do que a fita reagente do exame químico da urinálise para fornecer o prognóstico de doentes renais. Entretanto, para avaliar a real sensibilidade da fita é necessário que o estudo envolva a sua correlação com a densidade urinária e a dosagem bioquímica da proteína urinária, de forma a compreender se há intervalos de referência esperados entre a presença de proteína na urina e os resultados obtidos pela da fita reagente. Portanto, o teste da fita para presença de proteinúria não se mostrou efetivo e confiável para ser usado de forma individual na avaliação clínica-laboratorial e na condução clínica de pacientes proteinúricos.

Palavras-chave


proteinúria; cães; PU:CU; urinálise

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