FITOTERAPIA: UMA OPÇÃO PARA O TRATAMENTO ODONTOLÓGICO
FITOTERAPY: AN OPTION IN ODONTOLOGICAL
TREATMENT
Francisco KSF*
RESUMO: O
Brasil é um país privilegiado em relação ao emprego da fitoterapia, pois possui
25% da flora mundial e um patrimônio
genético de grande potencial para o desenvolvimento de novos medicamentos. O
cultivo, comercialização e utilização de plantas medicinais como opção de
tratamento e cura eram consideradas práticas associadas a populações mais
carentes, mas atualmente tem aumentado em todas as classes sociais das mais
diversas regiões do mundo. Na odontologia, as pesquisas com produtos
naturais têm aumentado nos últimos anos devido à busca por novos produtos com
maior atividade farmacológica, com menor toxicidade e mais biocompatíveis, além
de apresentarem custos mais acessíveis à população. A aceitação popular da
fitoterapia leva a boas perspectivas no mercado de produtos odontológicos que
contém substâncias naturais, e estes podem ser introduzidos desde que
amplamente amparados por estudos laboratoriais e clínicos específicos. Várias
substâncias são utilizadas na medicina popular como agentes antissépticos, tais
como o tomilho e o cacau, e as que mais se destacam na odontologia são a
aroeira, a própolis e a romã, devido às suas propriedades terapêuticas e pelo
fato de possuírem uso bastante difundido dentro da medicina popular no tratamento
de diversas afecções bucais. Diante dos benefícios apresentados pela
fitoterapia, fica evidente a necessidade da avaliação e procura por meios alternativos e
economicamente viáveis, sugerindo a utilização desta como um recurso de baixo
custo dentro de programas preventivos e curativos na odontologia.
PALAVRAS-CHAVE: Plantas medicinais. Afecções odontológicas. Odontologia.
ABSTRACT: Concerning to phytotherapy,
Brazil as it possesses 25% of world flora and a genetic heritage of great
potential for developing new medicines. The cultivation, sale and administration
of medicinal plants as an option for the treatment and healing practices and were
deemed related mainly to poor populations, but currently has been spread among
all social classes from various regions of the world. In dentistry, the studies
with natural products have increased in recent years due to the search for new
products with higher pharmacological activity, less toxicity and higher biocompatibility
meanwhile became them economically accessible to the population. The popular
acceptance of phytotherapy leads to good prospects in the market for dental
products containing natural substances, and these may be released since supported
by clinical and laboratory tests. Several substances are used in popular
medicine as antiseptics, such as thyme and cocoa, and the most prominently in
dentistry are aroeira, propolis and pomegranate due to its therapeutic
properties and because their relatively widespread usage within the popular
medicine for the treatment of various oral diseases. Given the benefits
presented by phytotherapy and demand for alternative and economically viable,
it is evident the need for assessment, suggesting the use of this feature as a
low-cost programs in the curative and preventive dentistry.
KEY-WORDS: Medicinal plants,
Odontological diseases, Dentistry
INTRODUÇÃO
Fitoterápicos são substâncias obtidas a partir de plantas que podem ser utilizadas como remédios artesanais sob a forma de chás, soluções, comprimidos, dentre outros. O uso destas plantas no tratamento e na cura de enfermidades é tão antigo quanto a espécie humana, e os conhecimentos de seus efeitos foram passados pelas gerações, tendo um importante papel científico e histórico, colaborando inclusive no desenvolvimento de algumas nações1,2.
A fitoterapia, phyton (planta) e therapia (tratamento) é
descrita como uma prática antiga, e o primeiro relato manuscrito foi intitulado
Papiro de Ebers, datado de
A Revolução Industrial e os avanços das ciências biológicas e da saúde trouxeram muitos benefícios, como a industrialização e desenvolvimento de medicamentos alopáticos. Atualmente, a população dos países desenvolvidos, que apresentam uma grande disponibilidade de medicamentos alopáticos, ainda recorre ao uso de plantas medicinais devido às razões históricas e culturais. Já em alguns países em desenvolvimento, até 80% da população depende exclusivamente das plantas medicinais para os cuidados primários de saúde6.
Nesse sentido, o Brasil é um país privilegiado em relação ao emprego da
fitoterapia, pois possui 25% da flora mundial e um patrimônio genético de grande potencial para o desenvolvimento
de novos medicamentos, o que corresponde a mais de cem mil espécies, das quais
menos de 1% tiveram suas propriedades avaliadas cientificamente para determinar
uma possível ação medicinal5,7-8.
Nos últimos anos, o interesse pelos medicamentos de origem natural, usados pela “sabedoria popular brasileira”, voltou a crescer acompanhado de um aumento significativo nos investimentos em pesquisa, demonstrando que os costumes populares devem ser valorizados, pois o acervo de conhecimento a respeito de tratamentos de saúde praticado pelas culturas de influências indígena, afro-brasileira, oriental, além dos sertanejos e ribeirinhos, ainda não foi explorado em sua totalidade3, 5,9.
Embora haja uma grande biodiversidade no Brasil, alguns problemas dificultam o seu emprego para o desenvolvimento de medicamentos, pois existem poucas leis específicas para o seu acesso, além de uma grande complexidade das moléculas isoladas a partir de produtos naturais, e o tempo necessário para o descobrimento de moléculas até o seu uso é longo. Adicionalmente, existe um pequeno número de publicações disponíveis sobre compostos naturais e as informações sobre a estrutura e a atividade desses compostos são escassas, além de haver uma resistência de alguns profissionais em trabalhar com esses produtos10.
O emprego das plantas medicinais pela população é decorrente da crença de que os medicamentos oriundos de extratos naturais têm menor probabilidade de causar efeitos colaterais e são mais eficazes que os medicamentos alopáticos, além de serem mais baratos. No entanto, sabe-se que os fitoterápicos também acarretam efeitos colaterais e possuem contra-indicações, sendo necessário conhecer seus princípios ativos, os aspectos relacionados à qualidade da planta e sua procedência a fim de que possam ser usados com segurança11.
É comum, relatos de indivíduos que afirmam fazer a associação de plantas medicinais e medicamentos alopáticos sem nenhum tipo de orientação profissional. Esta forma de automedicação pode atuar inibindo ou intensificando o efeito terapêutico dos medicamentos alopáticos, sendo assim a associação de plantas medicinais com outros medicamentos merece ser tratada com cautela devido à possibilidade de interferência no tratamento de doenças12.
O cultivo, comercialização e utilização de plantas medicinais como opção de tratamento e cura eram consideradas práticas associadas a populações mais carentes, mas atualmente tem aumentado em todas as classes sociais das mais diversas regiões do mundo. No Brasil, 80% da população têm como a principal fonte de recurso terapêutico, as plantas medicinais2.
As precárias condições
financeiras apresentadas por grande parte da população brasileira tornam-se um
impasse para o uso de medicamentos industrializados e neste caso a utilização
de plantas medicinais apresenta custos inferiores e, consequentemente, mais
acessíveis a essa população. Por isso, a fitoterapia é enfatizada como caminho
a ser seguido com vistas a incrementar a assistência farmacêutica básica,
aumentando o acesso aos medicamentos à população e redução dos gastos5, 12.
Por
incentivo do Governo Federal, no ano de 2006, algumas práticas integrativas e
complementares (PIC) foram incorporadas ao Sistema Único de Saúde (SUS),
através da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC),
na qual se inclui a Fitoterapia, surgindo como opção preventiva e terapêutica
aos seus usuários. Alguns dos objetivos desta inclusão visam contribuir para o
aumento da resolubilidade do sistema de saúde e a ampliação do acesso da
população às PIC, garantindo qualidade, eficácia, eficiência e segurança no uso13.
A FITOTERAPIA NA ODONTOLOGIA
A literatura médica medieval da Inglaterra dos séculos XII e XIV relata que os cuidados com os dentes era em grande parte limitados aos tratamentos não-invasivos, que em sua maioria, envolviam as ervas medicinais14.
O crescimento mundial da fitoterapia entre os programas preventivos e curativos tem estimulado a avaliação dos extratos de plantas para o uso na odontologia como controle do biofilme dental e outras afecções bucais. Sendo assim, a odontologia é beneficiada pela riqueza em recursos naturais oferecidos pela flora brasileira, pois os produtos naturais estão cada vez mais presentes nos consultórios médicos e odontológicos, apesar de a fitoterapia ser pouco difundida fora do meio acadêmico11, 15-17.
Nesse sentido as pesquisas
com produtos naturais no meio odontológico têm aumentado nos últimos anos
devido à busca por novos produtos com maior atividade terapêutica, com menor
toxicidade e melhor biocompatibilidade, além de apresentarem custos mais
acessíveis à população. A aceitação popular da fitoterapia leva a boas
perspectivas no mercado de produtos odontológicos que contém substâncias
naturais, e estes podem ser introduzidos desde que estudos laboratoriais e
clínicos específicos comprovem sua eficácia8, 9.
Várias substâncias são utilizadas na medicina popular como agentes anti-sépticos, tais como o tomilho e o cacau, e as que mais se destacam na odontologia são a aroeira, a própolis e a romã, devido às suas propriedades terapêuticas e pelo fato de possuírem uso bastante difundido dentro da medicina popular no tratamento de diversas afecções bucais18, 19.
A própolis é uma resina natural produzida por abelhas, Apis mellifera, a qual é bastante conhecida na medicina popular por não ser tóxica e pelas atividades biológicas e terapêuticas que incluem as ações antimicrobiana, anti-inflamatória, anestésica e propriedades citostáticas18. Além disso, essa substância apresenta uma composição bastante complexa, na qual já foram identificados mais de 300 componentes químicos, variando de acordo com sua origem botânica8,20-23.
Manara et al. (1999)24 relataram que a importância da própolis em Odontologia pode ser observada em trabalhos pertinentes a várias áreas tais como a Cariologia, Endodontia, Periodontia e Patologia Oral. Embora esse composto seja utilizado com frequência no tratamento de lesões bucais pela população, ainda não foram estabelecidas normas adequadas de uso e indicação e não se tem conhecimento exato da ação dessa substância sobre os microrganismos e/ou hospedeiro.
Duarte et al. (2006)25 avaliaram a influência do extrato etanólico de um novo tipo de própolis (EEP) e sua fração hexano purificado (EEH) em Steptrococus mutans e o desenvolvimento de cárie dentária em ratos. O EEP e EEH reduziu significativamente a produção de ácido pelo biofilme e também inibiu a atividade da F-ATPase. Além disso, ambos os extratos reduziram significativamente a incidência de cárie em superfície lisa sem apresentar uma redução do percentual de Steptrococus sobriuns na placa dos animais. No entanto, apenas EEH foi capaz de reduzir a incidência e severidade de cárie de superfície sulcal.
Koo et al. (2002)26
determinaram os efeitos da atividade biológica de compostos polifenólicos
(Apigenina e tt-farnesol) sobre a atividade de glicosiltransferase, a
viabilidade do biofilme e do desenvolvimento de cárie
Hayacibara et al. (2005)27
avaliaram a influência das frações isoladas de dois tipos diferentes de química
de própolis brasileiras (tipo 3 e 12) sobre Streptococus mutans, atividade da
glicosiltransferase e o desenvolvimento de cárie
Segundo Bankova (2005)28, vários estudos têm sido realizados para investigar os inúmeros benefícios da própolis, no entanto, devido à grande complexidade química, ainda tornam-se necessários outros estudos para a padronização do uso dessa substância.
Outro produto amplamente utilizado, na cultura popular, é o alho (Allium sativum), que demonstrou atividade contra bactérias orais, sendo que os resultados de alguns estudos mostraram que há uma diminuição do número de bactérias quando os pacientes são submetidos ao uso de enxaguatórios contendo este esse produto29.
Um novo extrato vegetal, o extrato de araçá (Psidium albidum), tem sido utilizado para o controle do biofilme dental, e foi demonstrada a atividade antibacteriana quando em solução aquosa e hidroalcoólica, além de inibir a adesão de microrganismos bucais, modificar o proteoma de Streptococcus mutans e a microdureza do esmalte dental30.
Afecções bucais como gengivite, abscesso e inflamações, vêm sendo tratadas com Cravo da Índia (Syzygium aromaticum), Romã (Punica granatum) e a Uva (Vitis sp.). Esta última, embora não tenha a sua ação muito divulgada o meio acadêmico, pode ser usada através de bochechos do suco concentrado ou mascando-se a fruta naturalmente9,31.
Já a Romã (P. granatum) tem o seu uso muito
difundido na odontologia, e trabalhos realizados demonstraram que essa fruta tem
ação bactericida e bacteriostática sobre bactérias Gram-positivas e
Gram-negativas, constituintes do biofilme dental, podendo ser utilizada para
casos de periodontites, como antioxidantes e de estomatites, como antisséptico32.
Entretanto, ao avaliarem o efeito antiplaca e antigengivite de um gel contendo extrato
de romã a 10% em 23 indivíduos, Salgado et
al. (2006)32 mostraram que o gel contendo extrato de romã não foi
eficiente para evitar a formação de placa bacteriana supragengival e prevenir a
inflamação gengival. Em contrapartida, Pereira et al.(2004)33 avaliaram a ação do extrato hidroalcoólico da P. granatum sobre três linhagens de
bactérias da placa bacteriana supragengival e potencialmente cariogênicas (Streptococus mitis , Streptococus mutans e Streptococus sanguis) e verificaram que
o extrato hidroalcoólico de romã apresentou ação antimicrobiana sobre as
bactérias testadas.
Há uma grande variedade de extratos de plantas medicinais como o malvavisco, espécie Althala officinalis da família da Malvaceae, que tem atividade antimicrobiana e eficácia contra bactérias periodontopatogênicas. A Salvia, Salvia officinalis possui ação antioxidante, antimicrobiana e hipoglicemiante, a Calêndula (Calendula officinalis) que é usada no controle do biofilme dental, e a Malva (Malva sylvestris) que possui propriedades antinflamatórias e antibacterianas9.
Nesse sentido, extratos de plantas como sálvia, menta e camomila têm sido incorporados a fórmulas de dentifrícios com o objetivo de reduzir a halitose e combater a gengivite. Os princípios ativos desses produtos atuam sobre a formação do biofilme dental. Além destes agentes fitoterápicos incorporados aos dentifrícios a babosa (Aloe Vera) merece destaque por suas ações anti-inflamatória e antisséptica, e pela disponibilização de diversos elementos nutricionais que atuam sinergicamente nos tecidos epiteliais e no sistema imunológico onde, por sua ação anti-inflamatória e antimicrobiana, induz o crescimento celular, favorecendo a recuperação do tecido agredido34.
A aroeira (S. terenithiofolius) possui ação antimicrobiana, anti-inflamatória e antiulcerogênica, sendo utilizada como antisséptico e no tratamento de estomatites. Além disso, apresenta atividade bactericida e bacteriostática sobre Streptococus mutans, Streptococus mitis, Streptococus sobrinus, Streptococus sanguis, (Lactobacillus casei) e ação antifúngica sobre Cândida. albicans, Cândida. tropicalis e Cândida. krusei35 .
O óleo de copaíba (Copaifera langsdorffii) que mostrou atividade contra S. mutans, além de também a atividade analgésica. Já os óleos, de cajueiro (Anacardium occidentale) e do cravo (Eugenia caryophyllata T.) podem ser utilizados em caso de odontalgias2. Patel et al. (2006)36 compararam a atividade de um extrato alcoólico das raízes de Piretro (Anacyclus pyrethrum ) com xilocaína e constataram a eficácia do extrato quando em baixas concentrações (menos de 2%). O extrato apresentou efeito sinérgico, prolongando o efeito da anestesia quando comparado ao efeito da xilocaína, para cirurgias reconstrutivas orais prolongadas, não indicando quaisquer efeitos secundários.
Além de serem utilizadas
por sua ação antisséptica e antibacteriana, as plantas medicinais tem outras
aplicações, como é o caso do açaí (Euterpe oleracea) que produz um
evidenciador de placa dental com eficiência de 90% superior a produtos
comercializados tais como o verde de malaquita, a fucsina e a eritrosina11.
Além disso, essas substâncias podem ser utilizadas como bioestimulantes. Seguindo
essa linha, Balducci-Rosalindo et al. (1999)37 utilizaram o Confrei (Symphytum
officinale) e a Calêndula (Calendula officinallis) que apresentam
uma composição química similar, para compor um complexo homeopático e estudar
sua ação no processo de reparo em feridas de extração dentária em camundongos e
verificaram que o processo de reparo mostrou um avanço progressivo de
neoformação óssea mais acentuado no grupo teste.
Os
compostos fitoterápicos podem ser utilizados nas mais variadas fórmulas, como
cápsulas, comprimidos, géis, pomadas, soluções aquosas, soluções
hidroalcoólicas e infusões, que são conhecidas como chás.
Estudos com chás mostram que estas infusões podem ser utilizadas para inibir o crescimento bacteriano e a aderência nas superfícies dentais e redução na produção dos ácidos e polissacarídeos extracelulares38.
Concomitantemente ao estudo dos princípios ativos destes compostos, há a necessidade de se avaliar o nível de conhecimento e adesão dos profissionais à fitoterapia.
No estudo realizado por Yam et al. (1997)39, foi verificada a eficácia de Euphorbia balsamifera, vulgarmente conhecida pelos nomes de Erva-leiteira, Erva-maleita, Erva-maleiteira, Erva-olha-o-Sol, Leitarega, Leitariga, Leiteira, Maleiteira e Titímalo-dos-vales, é tradicionalmente usada no tratamento de pulpite agudas. De acordo com os resultados, os autores concluíram que o látex da Euphorbia balsamifera é um eficaz desvitalizante pulpar.
Segundo Groppo et al (2008)40 ao estudar o uso da fitoterapia na odontologia, relata que atualmente há uma crescente utilização de agentes fitoterápicos em odontologia, no entanto mais estudos são necessários para avaliar a sua segurança e eficácia para a utilização clínica. Nanayakkara et al (2008)41 verificaram a utilização das tradicionais formas de cuidados com saúde bucal entre 603 adultos no Sri Lanka. Conforme os resultados, a maioria dos problemas bucais que acometiam a população, eram tratados em suas próprias casas por meio de plantas medicinais.
Assim em estudo realizado
por Lima Jr. e Dimenstein (2006)5 sobre o conhecimento
dos profissionais de odontologia sobre Fitoterapia
na Saúde Pública em Natal/RN, verificou-se que nenhum dos profissionais
entrevistados relatou ter adquirido algum conhecimento sobre o assunto durante
a graduação. Confirmaram também que não tiveram nenhum tipo de treinamento
sobre o uso de plantas medicinais com fins terapêuticos. Dentre estes, 76%
disseram que nada sabiam sobre o assunto e somente 16% prescreviam
fitoterápicos aos seus pacientes. Isso demonstra que embora haja uma grande
disponibilidade de recursos naturais no Brasil, poucos são os pesquisadores que
estudam os fitoterápicos.
Na Odontologia, assim como nas demais áreas da Saúde, várias pesquisas são realizadas com intuito de solucionar as patologias e de melhorar as condições de vida do paciente. Desta forma, estudos visam elucidar as propriedades físico-químicas dos materiais, ou ainda, descobrir novas alternativas e/ou materiais que ofereçam melhores condições e menores custos aos pacientes.
Acompanhando essa
tendência, no Brasil encontram-se algumas linhas de pesquisa que estudam os
fitoterátpicos, como o Programa de Pós Graduação em Odontologia da Universidade
Federal de Pernambuco, que desenvolve pesquisas laboratoriais e clínicas para a
verificação do potencial terapêutico e preventivo de fitofármacos sobre as
doenças orais
Já, o grupo de Estudos
Santos et al (2009)44,
com o objetivo de realizar
um estudo etnobotânico sobre a indicação de plantas medicinais para tratamentos
de patologias bucais
Bianco (2004)30 constatou a capacidade de
inibir o crescimento bacteriano de extratos vegetais aquosos e hidroalcoólicos,
de folha de araçá (Psidium cattleianum),
folha de aroeira do sertão (Astronium
urundeuva), caule de cancerosa (Maytenus
ilicifolius), casca e folha de candeia (Vanillosmopsis
erythropappa) folha de jacarandá caroba (Jacaranda cuspidifolia) .
Embora muitos trabalhos demonstrem a eficácia dos fitoterápicos na odontologia, o uso dos mesmos deve ser feito sob conhecimento e responsabilidade do cirurgião dentista, pois se trata de um contrassenso o uso indiscriminado de produtos naturais sem a consciência. Por isso, alguns profissionais acreditam que há a necessidade da inserção da fitoterapia como matéria básica na graduação do curso de Odontologia5, 11.
Diante da necessidade de recursos de menor
custo para atender as comunidades mais carentes, a fitoterapia surge como
alternativa.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
A fitoterapia, apesar do seu uso milenar, ainda é discriminada por grande parte dos profissionais de saúde. Tal fato pode ser atribuído ao pequeno incentivo dado à pesquisa nesta área, tanto pelo setor público, quanto pelo privado, além do preconceito e falta de conhecimento, dentre outros fatores. Esta situação não é diferente na área odontológica, na qual a fitoterapia pode agregar benefícios ao controle de formação do biofilme dental e tratamento de afecções bucais, além de outras vantagens como seu baixo custo e grande efetividade. Com a implantação da PNPIC no SUS, surge a esperança de um maior investimento em pesquisas envolvendo a biodiversidade de plantas brasileiras, valorizando o conhecimento popular e motivando a industrialização de produtos naturais. Estes fatores ressaltam a importância do estudo da fitoterapia nos cursos de graduação na formação dos profissionais da saúde.
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* Kleryson Martins Soares Francisco - Aluno de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Odontologia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – FOA/UNESP. e-mail: klerysonalfenas@yahoo.com.br