DEPRESSO EM IDOSOS

DEPRESSION IN THE ELDERLY

 

Mello E* & Teixeira MB**

 

RESUMO: Trata-se de um artigo de reviso integrativa que teve como objetivos verificar o que os profissionais de sade, tm escrito sobre a depresso nos idosos e identificar como estes profissionais esto diagnosticando e tratando os idosos com depresso. Na busca por artigos referentes a temtica encontramos 47, que subdividimos em 5 grupos: prevalncia de depresso em idosos depresso e tratamento; depresso e alteraes cognitivas; idoso e qualidade de vida e idoso e  outros.

PALAVRAS-CHAVE: Envelhecimento. Depresso. Idosos. Interao social.

 

ABSTRACT: Depression is one of the pathologies that has been growing in the population in general and more intensely among the elderly, affecting the quality of life of these individuals. Myths, such as regarding the symptomatology of depression as something specific of aging, may lead to non-diagnosis and, consequently may aggravate a condition that could be treated and lead to recovery. When investigating the literature related to the subject, we found 47 articles, which were subdivided into 5 groups: prevalence of depression in the elderly; depression and treatment; depression and cognitive changes; the elderly and quality of life, and the elderly and the others.

KEYWORDS: Aging. Depression. Elderly. Social Interaction.

 

INTRODUO

No Brasil consideramos a pessoa idosa aquela que tem 60 anos ou mais (Estatuto do Idoso). Conforme os dados do IBGE, hoje h no Brasil cerca de 32 milhes de pessoas idosas, sendo a maioria de mulheres vivas, com baixa escolaridade e com uma renda mensal menor comparada a dos homens da mesma faixa etria.

Garrido1 cita que no Brasil, em 1991, havia cerca de 10,7 milhes de pessoas com 60 anos ou mais. Em 2005, havia 33,9 idosos para cada grupo de 100 jovens. Estima-se que em 2025, este numero chegar a 15% da populao e em 2050 atingiremos a marca de 24%; logo o Brasil deixar de ser o pas da juventude, para tornar-se o pas dos idosos.

O envelhecer humano visto e estudado em aspectos interligados: o fsico, o social e o psicolgico. Com o chegar da idade a pessoa vai perdendo sua vitalidade, suas foras vo diminuindo e o mundo parece que no tem mais o espao que tinha antes para que o idoso possa viver e sentir-se vivo. Com a aposentadoria, principalmente os homens, perdem uma grande parte do seu convvio social, no encontram seu espao dentro de casa e, em muitos casos, esta situao no bem aceita pela famlia. Dificuldades conjugais vo se avolumando dia aps dia, e a perda do poder aquisitivo leva o idoso a fechar-se no seu mundo.

A viuvez outro fator de perda para o idoso, pois unida a ela vem solido e pode ocorrer ainda a perda de convivncia com outros casais, pois os vivos se encontram menos.

A sociedade capitalista supervaloriza a produo e o consumo. O idoso no produz, ou se produz, j no tanto como antes e tambm por perder seu poder aquisitivo com a aposentadoria consome menos e por isto a sociedade no o valoriza.

A imagem que muitos idosos tem de si mesmo negativa, como aquele ser que no consegue fazer isto ou aquilo, que no tem foras para fazer o que fazia antes, que no se lembra mais das coisas como antes, que seu corpo no responde mais aos movimentos e no faltam aqueles que ao olhar no espelho dizem para si mesmo eu j fui muito bonito(a), muitos ainda tm que conviver com a perda da possibilidade do auto cuidado e da perda da independncia seja ela decorrente de problemas financeiros ou da perda da capacidade sensorial (viso e audio)2.

Existe ainda aquele idoso que j tendo anteriormente um relacionamento difcil com seus familiares e com amigos agora ele isolado e em casos extremos so institucionalizados em ambientes confinados, nos quais podem perder sua liberdade e at mesmo sua identidade. Esses ambientes por mais saudveis que sejam no conseguem reproduzir o ambiente familiar, so lugares em que os afetos so deixados de lado, tornando-se assim um ambiente estressante. Nestas situaes o sentimento de abandono por parte da famlia fala mais alto do que a acolhida proporcionada pela instituio. Isto gera ao idoso um alto nvel de tenso que passa a ser somatizado e surgem as mais diversas sintomatologias (dor pelo corpo, angstia, palpitao, insnia, gripes, resfriados) bem como sintomas psquicos como irritabilidade, tristeza profunda; hipobulia; hipoatividade, que no sendo observados e tratados podem evoluir para um quadro mais grave: a depresso3,4.

 

A DEPRESSO NO IDOSO

Em 1979, a OMS (Organizao Mundial da Sade) calculava que um em cada 10 idosos sofria de depresso, ou seja, 10% da populao idosa5,6.

Depresso doena, no algo que faa parte do envelhecer. Pode ser prevenida e tratada, e esta nossa responsabilidade como profissionais de sade.

A depresso a doena psiquitrica mais comum entre os idosos, frequentemente sem diagnstico e sem tratamento. Ela afeta sua qualidade de vida, aumentando a carga econmica por seus custos diretos e indiretos e, pode levar a tendncias suicidas. Os pacientes deprimidos mostram-se insatisfeitos com o que lhes oferecido, havendo interrupo em seus estilos de vida, reduo de seu nvel scioeconmico quando ficam impossibilitados de trabalhar. Alm disso, h privao interpessoal particularmente naqueles que se isolam em decorrncia da depresso e, naturalmente, naqueles que encurtam suas expectativas de vida, seja por suicdio ou por doenas somticas relacionadas depresso3,4,6,7.

A depresso geritrica multifatorial. Os fatores genticos embora presentes pouco contribuem; atualmente mudanas que ocorrem no metabolismo dos neurotransmissores alm das alteraes hormonais e a desincronizao do ritmo cardaco, so tidas como as principais causas da depresso. H de se considerar ainda os fatores sociais e sade fsica.  Alteraes da acuidade visual e auditiva so fatores que contribuem fortemente para a depresso, pois levam o idoso ao isolamento8.

Aproximadamente 50% dos pacientes com demncia, 25% dos pacientes com doena crebro vascular e 50% dos pacientes com Parkinson, tem tambm associada depresso.

O Cdigo Internacional de Doenas (CID 10) classifica os quadros depressivos em quatro tipos e traz para cada um deles os sintomas (somticos e psquicos), bem como o tempo de durao e o nmero de sintomas presentes em cada tipo para que possa ser diagnosticado com segurana2,3.

Segundo Scalco8 um diagnstico mais preciso de depresso em idosos no consegue se enquadrar nos episdios descritos no CID 10, pois esses foram estabelecidos para adultos jovens, sem levar em conta que os idosos tendem a expressar sintomas em forma de queixas fsicas e ao mesmo tempo tem certa relutncia em relatar sintomas psiquitricos. Faz-se necessrio considerar os sintomas depressivos e no necessariamente uma sndrome depressiva completa para diagnosticar a depresso em idosos. Ela diagnosticada pelas seguintes alteraes: falta de energia; distrbios do sono; alteraes do humor e da motivao (volio); melancolia; anorexia; perda de peso; sintomas hipocondracos; sintomas somticos; agitao ou retardamento psicomotor; prejuzos cognitivos; humor depressivo, tendncia a enfatizar as dificuldades e responder no sei as perguntas.

Deve-se considerar que ele comumente fala bastante e, ao mesmo tempo, fala pouco dos seus sentimentos; os sintomas somticos podem estar escondendo os sintomas depressivos; a depresso pode estar presente no idoso, porm ela no uma doena prpria da terceira idade, tristeza no sinnimo de depresso.

Todo profissional da sade dever estar apto a perceber sintomas de depresso e dever encaminhar o paciente e a famlia para o tratamento com uma equipe especializada.

O trabalho do profissional dever conduzir o idoso de tal forma que esse possa retomar sua vida e conduzi-la normalmente dentro de suas capacidades e limitaes; como tambm o trabalho teraputico haver de proporcionar apoio emocional ao idoso, reduzindo sua ansiedade e elevando sua confiana e autoestima.

Os autores Carvalho & Fernandes5 fazem a seguinte sugesto de terapias para o geronte: Psicoterapia Breve; Terapia Cognitiva comportamental; Terapia de Reviso e Terapia de Grupo. Muitos idosos tm encontrado no grupo um local para expressar suas angstias e ao mesmo tempo identificar-se com as angstias dos outros. Encontram nele proteo e meios para desenvolverem o desejo de uma vida mais saudvel, com aqueles que vivem os mesmos dramas. O grupo tambm proporciona uma maior socializao, aumenta a autoestima e autovalorizao, esclarece e resolve conflitos intrapsquicos e interpessoais.

Na depresso geritrica, juntamente com todas as terapias possveis de recuperao do idoso, vale destacar que o suporte social que ele dispe fundamental para que sua resposta seja mais adequada a este tratamento3,9.

Frente a tudo acima descrito e considerando que os conhecimentos tericos delineiam a prtica profissional, este trabalho teve como objetivos verificar o que os profissionais de sade, tm escrito sobre a depresso nos idosos e identificar como estes profissionais esto diagnosticando e tratando os idosos com depresso.

 

MTODO

Foi realizado um estudo de reviso integrativa da literatura, em revistas indexadas nas bases Lilacs, ScieLo e na revista Kairs (publicao especfica do grupo de estudos de geriatria da PUC-SP), utilizando os descritores: idoso; depresso; tratamento.

Os critrios de incluso foram:  artigos  publicados no perodo de 2002 a 2009 relacionados a idosos( pessoas com 60 anos ou mais).

Durante a pesquisa foram encontrados 86 artigos, dentre os quais foram excludos 39, aps a anlise do ttulo e resumo dos mesmos quanto adequao ao tema proposto e critrios de incluso.

Os 47 restantes foram lidos na ntegra e aps fichamento os dados foram agrupados em  cinco categorias, analisados quantitativamente (nmero e porcentagem) e apresentados em forma de tabelas e quadros.

 

RESULTADOS E DISCUSSO

Os artigos selecionados foram divididos, aps leitura em cinco categorias, conforme pode ser visto na tabela 1.

 

Tabela 1 - Distribuio dos artigos segundo categoria.

CATEGORIAS

N

%

Prevalncia de depresso em idosos

14

29,8

Depresso e tratamento

12

25,5

Depresso e alteraes cognitivas

7

14,9

Idoso e qualidade de vida

3

6,4

Idoso e outros

11

23,4

TOTAL

47

100,0

 

Dos 47 (100,0%) artigos 6 (12,7%) so de divulgao sendo o restante artigos resultantes de pesquisas. Esse fato nos indica o grande interesse dos profissionais de sade em estudar esse quadro, importante na populao idosa, pois, segundo Carvalho (1996), 10% dos idosos tem depresso e segundo Duarte & Rego10 de 15% a 20% dos idosos no institucionalizados apresentam sintomas depressivos.

Tabela 2 - Distribuio dos artigos segundo ano de publicao.

ANO

N

%

1999

1

2,1

2000

-

-

2001

1

2,1

2002

6

12,8

2003

1

2,1

2004

2

4,3

2005

4

8,5

2006

9

19,1

2007

10

21,3

2008

8

17,0

2009

5

10,6

TOTAL

47

100,0

 

Tabela 3 - Distribuio das revistas segundo nmero de artigos publicados.

Revistas

N

%

Rev. bras. psiquiatria

8

17,0

J. bras. psiquiatria;

4

8,5

Rev. psiquiatria Rio Gd. Sul;

4

8,5

Rev. sade publicao

2

4,3

Rev. bras. epidemiologia

2

4,3

Dement. neuropsychol;

2

4,3

Acta sci

2

4,3

Psicologia reflexo critica

2

4,3

Psico USF; RBM; Aval. psicol; Arq. int. otorrinolaringol; Rev. baiana sade pblica; Rev. bras. sade matern. Infan; Ter. man; Rev. bras. cinc. mov; Acta md.; Rev. psiquiatr. cln.; An. Fac. Med. Univ. Fed. Pernamb;

Rev. Assoc. Med. Bras.; Revista Brs. Geriatr. e  gerontol ; Mundo sade; Sci. med; Estud. psicol.; Rev. psicol; Rev. bras. cineantropom. desempenho hum; Cad. Sade pblica; Saude soc.; Cinc. sade coletiva.

* cada revista com 1 artigo

21*

44,7

TOTAL

47

100,0

 

Como era de se esperar devido temtica, as revistas ligadas rea de psiquiatria publicaram 18 (38,3%) dos 47 (100,0) artigos.

 

Quadro 1 - Distribuio dos artigos de pesquisa da categoria prevalncia de depresso em idosos, segundo objetivos do estudo.

Categoria: prevalncia de depresso em idosos

Objetivos das pesquisas

Analisar a influncia de fatores sociodemogrficos, de sade fsica, capacidade funcional e funo cognitiva sobre a sintomatologia depressiva de idosos do municpio de Santa Cruz, no Rio Grande do Norte.

Investigar a prevalncia de incontinncia urinria entre idosos de So Paulo, Brasil, e fatores associados e de risco.

Realizar uma reviso da literatura sobre a incidncia de depresso geritrica e os fatores de risco associados em idosos residentes na comunidade.

Estimar a prevalncia de sintomas depressivos em idosos institucionalizados e as variveis associadas a este evento.

Investigar a intensidade e prevalncia de sintomatologia depressiva em idosas participantes da Universidade para a Terceira Idade (UNITI) da Universidade Federal do Rio grande do Sul.

Determinar a prevalncia de depresso em idosos que frequentam centros de convivncia.

Verificar a prevalncia da sintomatologia depressiva na populao de idosos com idade superior a 60 anos, numa rea adstrita do PSF, no Municpio de Maring, Estado do Paran.

Investigar caractersticas quantitativas e qualitativas dos sintomas depressivos em diferentes populaes de idosos.

Determinar a prevalncia de depresso maior em uma populao de sujeitos acima de 80 anos residentes na comunidade, comparar os padres de sono e a funo cognitiva entre controles normais e sujeitos com depresso maior e estimar a frequncia de outros transtornos psiquitricos entre controles e sujeitos deprimidos.

Avaliar a prevalncia de depresso em idosos internados em um hospital tercirio, atravs da aplicao da Escala de Depresso Geritrica Yesavage em verso reduzida (GDS-15).

Avaliar a prevalncia de depresso em trs anos consecutivos na populao de idosos residentes em um lar protegido no Rio de Janeiro.

Identificar a presena de depresso em idosos que frequentaram o Programa Universidade Aberta Terceira Idade, da Universidade Federal de Pernambuco, considerando variveis demogrficas e socioeconmicas.

Coletar informaes sobre as condies de vida dos idosos (60 anos e mais) residentes em reas urbanas de metrpoles de sete pases da Amrica Latina e Caribe - entre elas, o Municpio de So Paulo - e avaliar diferenciais de coorte, gnero e socioeconmicos com relao ao estado de sade, acesso e utilizao de cuidados de sade.

Determinar a prevalncia de depresso em idosos, que residem no Abrigo Cristo Redentor, Jaboato dos Guararapes, Pernambuco. Os autores  relatam que em uma amostra de 55 idosos, identificaram a depresso em 28 idosos (51%), dentre os quais dezoito homens (64,3%) e dez mulheres (35,7%).

 

A anlise dos dados acima nos levou a inferir que o contedo dos textos encontrados esta em sintonia com o preconizado atualmente pelos estudiosos da rea, cuja preocupao maior sempre investigar a relao entre patologia e seu impacto na qualidade de vida. Nos artigos do quadro acima podemos notar tambm esta preocupao, em muitos percebemos que os autores, alm de estimar a prevalncia de quadros depressivos, buscaram correlacionar os sintomas apresentados com perdas na qualidade e estilo de vida3,4.

O idoso deprimido est sujeito a uma serie de alteraes no estilo de vida, como: alteraes das funes cognitivas; reduo do nvel scioeconmico; reduo da rede social de interao, em consequncia do seu isolamento.

Scalco8, chama a ateno que o diagnstico da depresso em idosos no se enquadra nas caractersticas oferecidas pelo CID-10, logo a utilizao da GDS-15, como vimos em vrios textos encontrados est se tornando o instrumento adequado para a elaborao do diagnstico de depresso no idoso, por ser um instrumento simples e fcil de ser utilizado.

Luders9, afirma que o suporte social se torna imprescindvel para que o idoso que j tenha acompanhamento mdico e teraputico supere a depresso. Verificamos que nos textos encontrados que esta afirmao no aparece como algo determinante na superao da depresso geritrica.

 

Quadro 2 - Distribuio dos artigos de pesquisa da categoria Depresso e alteraes cognitivas segundo objetivos do estudo.

 

Categoria: depresso e alteraes cognitivas

Objetivos das pesquisas

Avaliar o impacto de treino cognitivo de 8 sesses na funcionalidade e desempenho cognitivo em idosos com CCL.

Verificar a relao entre a queixa de memria e a idade no envelhecimento normal e a relao da queixa com o desempenho cognitivo.

Avaliar os nveis de afetividade e os dficits das funes cognitivas.

Promover uma reviso sobre estudos publicados nos ltimos anos sobre alteraes cognitivas em idosos com diagnstico de depresso.

Comparar o desempenho cognitivo de idosos com psicose, depresso e demncia em um ambulatrio de sade mental.

Avaliar a frequncia de sintomas depressivos e o desempenho cognitivo de idosos institucionalizados e no institucionalizados e comparar os escores nos testes em funo da institucionalizao e da realizao de atividades oferecidas pela instituio.

Identificar o estado de sade mental de idosos iniciantes em um programa de exerccio fsico e analisar a associao entre os indicadores sociodemogrficos com a pontuao das escalas geritrica.

 

A preocupao inerente aos textos mencionados acima nos leva a reafirmar Scalco8, que menciona que o diagnstico de depresso em idosos ultrapassa o apresentado pela CID-10, pois, no idoso, o dficit cognitivo o fator primordial para chegarmos a uma concluso sobre o estado depressivo do paciente: a depresso leva o paciente a apresentar prejuzos cognitivos. O prejuzo cognitivo interfere no diagnstico de depresso, pois o paciente ter dificuldades em relatar seus momentos de tristezas, suas angstias, bem como tambm ter dificuldades em evocar lembranas do passado para que este possa relatar quais foram as que ocorreram na sua vida, quanto as suas atividades prazerosas e compar-las com o cotidiano vivido no momento3.

Nestes textos encontras na base de dados pesquisada no encontramos textos propondo algo mais concreto de como realizar o diagnstico com pacientes dentro deste quadro de dficit cognitivo, como tambm no encontramos sugestes ou relatos de experincia nesse sentido.

 

Quadro 3 - Distribuio dos artigos de pesquisa, da categoria depresso e tratamento segundo objetivos do estudo.

Categoria: depresso e tratamento

Objetivos das pesquisas

Verificar a influncia do exerccio fsico e da atividade fsica nos aspectos psicolgicos (ndices indicativos para depresso e ansiedade) em idosos.

Investigar  as concentraes plasmticas em estado de equilbrio da paroxetina em idosos.

Avaliar a associao entre nvel de atividade fsica e o estado de sade mental de pessoas idosas.

Revisar a literatura quanto (i) ao possvel efeito protetor do exerccio fsico sobre a incidncia de depresso e (ii) eficcia do exerccio fsico como interveno no tratamento da depresso.

Avaliar estudos que analisaram o papel da atividade fsica nos diferentes nveis de preveno dos transtornos depressivos (depresso maior, depresso menor e distimia) em idosos.

Revisar ensaios clnicos que examinaram a eficcia da psicoterapia versus os tratamentos farmacolgicos, sozinhos ou combinados, para pessoas idosas com depresso.

Revisar ensaios clnicos aleatorizados e no-aleatorizados com o objetivo de estabelecer se o tratamento antidepressivo de manuteno reduz o risco de recada e recorrncia de depresso em idosos.

Examinar o efeito de um programa de exerccio fsico aerbio na intensidade do limiar ventilatrio 1 (VT-1) nos escores indicativos de depresso e ansiedade e na qualidade de vida de idosos saudveis.

Verificar a tendncia ao estado depressivo em idosos praticantes de atividade fsica.

 

Nesta categoria encontramos tambm 3 artigos de divulgao, cujos assuntos apresentamos a seguir.

Um dos artigos os autores apontam que o manejo dos efeitos adversos em pacientes idosos que usam muito mais medicaes e apresentam mais doenas, ponto decisivo na escolha de antidepressivos; em outro a autora relata que   indispensvel que o mdico conhea o paciente que ir tratar e o perfil de efeitos adversos e de possveis interaes medicamentosas dos antidepressivos para poder escolher o mais adequado para cada paciente; e no terceiro artigo de divulgao o autor afirma serem os antidepressivos tricclicos eficazes com idosos por serem  drogas relativamente seguras se bem indicadas e manejadas, respeitando-se as limitaes de seu uso em pacientes geritricos, bem como suas contraindicaes clinicas e farmacolgicas3,6.

Dentro da classificao temtica desse quadro, percebemos sua importncia, quando nos recordamos o texto de Bemy2, que nos apresenta as limitaes fsicas e tambm as vindas do declnio dos rgos sensoriais, como um fator agravante no desenvolvimento da depresso. Estes estudos nos levam a concluir que os idosos que se envolvem na prtica de atividades fsicas tendem a diminuir e ao mesmo tempo superar limitaes fsicas o que pode vir a proporcionar uma ampliao da rede social de relacionamentos, na qual fica mais fcil o idoso conviver com a prpria idade e suas limitaes.

Exerccios fsicos so imprescindveis para os idosos, pois alm dos benefcios citados estes proporcionaro aos idosos uma melhor absoro dos medicamentos, como tambm ir proporcionar aos idosos um equilbrio entre o estado de viglia e o sono, proporcionando assim uma qualidade de vida mais satisfatria aos idosos.

Polticas pblicas de sade envolvendo os idosos tm surgido em muitas cidades do Brasil, como, por exemplo, os CRI (centro de referencia para idoso), tem proporcionado muitas oportunidades para os idosos, como atividades fsicas, de lazer, cultural e de interao social. A limitao destas atividades se d por estar apenas cuidado dos idosos que vm em busca de tais atividades, ainda falta quela poltica de ir ao encontro do idoso e proporcionar a ele as condies que lhe falta para participar de tais atividades, como por exemplo, uma ampla campanha junto aos postos de sade divulgando e mostrando os trabalhos nesta linha para os idosos.

 

Quadro 4 - Distribuio dos artigos de pesquisa, da categoria idoso e qualidade de vida segundo objetivos do estudo.

Categoria: idoso e qualidade de vida

Objetivos das pesquisas

Verificar a qualidade de vida de idosos praticantes de grupo teraputico

Examinar a associao entre o tempo de participao na Universidade para a Terceira Idade e as dimenses de personalidade, a qualidade de vida e a depresso em idosas.

Investigar as habilidades sociais, o apoio social, a qualidade de vida e a depresso de idosos da Universidade Aberta da Terceira Idade da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UnATI/UERJ), de contextos familiares e de asilos utilizando como instrumentos de coleta o Inventrio de Habilidades Sociais; a Medida de Apoio Social; o WHOQOL-ABREVIADO e a Escala de Depresso em Geriatria.

 

            Tomando como parmetro a definio de que qualidade de vida viver da melhor forma possvel e respeitando a subjetividade de cada individuo idoso, encontramos idosos com qualidade de vida satisfatria, quando estes frequentam atividades como as mencionadas no quadro acima, pois as mesmas contribuem para que o idoso, ao vivenciar momentos de socializao saudveis, obtenham uma melhor qualidade de vida3,11.

 

Quadro 5 - Distribuio dos artigos de pesquisa, da categoria idoso e outros segundo objetivos do estudo.

Categoria: idoso e outros

Objetivos das pesquisas

Determinar os aspectos ambientais envolvidos na longevidade usando uma tcnica de metodologia qualitativa denominada teoria fundamentada nos dados, tendo como populao ex-ferrovirios longevos.

 Analisar a associao, em uma coorte urbana de idosos, entre sintomatologia depressiva e outros indicadores de capacidade funcional com a mortalidade aps 15 anos de seguimento.

Verificar e analisar se houve alterao na capacidade funcional e prevalncia de sintomas depressivos aps trs meses da cirurgia cardaca

Apreender as representaes sociais (RS) dos idosos institucionalizados sobre depresso

Investigar as relaes entre eventos de vida estressantes, estratgias de enfrentamento, autoeficcia no enfrentamento e depresso.

Identificar eventos da maturidade possivelmente relacionados depresso feminina.

Correlacionar sintomatologia depressiva e atividades sociais em idosos

 Examinar a influncia da personalidade no surgimento de sintomas depressivos em idosas

Verificar a presena de fatores de risco para quedas de idosos institucionalizados

 

            Dois dos artigos eram de divulgao, um relatando a influncia da deficincia auditiva na vida social e familiar do idoso e no outro os autores, a partir do conceito de depresso tecem uma srie de comentrios sobre epidemiologia e tratamento desta doena.

 

CONSIDERAES FINAIS

            Considerando os dados acima, podemos inferir que a depresso em idosos realmente uma questo de sade pblica que no pode mais ficar ausente nas preocupaes dos governantes e tambm dos profissionais de sade, pois com o aumento da populao idosa o nmero de pessoas com esta patologia tende a ser sempre maior. Consideramos que os ndices de depresso em idosos como foram mencionados anteriormente tendem a serem maiores do que encontrado nas pesquisas, pois os sintomas depressivos; como o no querer falar de si e isolar-ser so um empecilho para que o diagnstico de depresso seja correto. As queixas somticas se tornam um agravante para que o diagnstico da depresso venha a ser errneo, pois muitos idosos falam das queixas psquicas como queixas somticas e nem sempre os profissionais da sade esto atentos a ouvir essas queixas como elas realmente so, pois se assim fossem estes ndices de depresso certamente seriam maiores.

            Esta afirmao condiz com minha experincia profissional (psiclogo). Atendendo idosos nestes doze anos de consultrio percebo que os mesmos procuram atendimento por uma dor que no passa apesar do tratamento clnico e medicamentoso. Utilizando a Terapia Cognitiva Comportamental, observo que aps algumas sesses aonde o vnculo entre paciente e profissional vai se estabelecendo, o paciente tende a relatar com mais liberdade suas angstias, dores, tristezas e os momentos depressivos que o mesmo vem passando; logo, a queixa inicial no a queixa real que o traz ao consultrio.

            Na Terapia Cognitiva Comportamental, o paciente levado a relatar os acontecimentos tristes da sua vida. O profissional o leva a perceber o que desencadeou uma crise depressiva, como este vivenciou tal situao e o que a mesma representou para ele, tendo assim uma associao entre os diversos momentos de tristezas ou negativos de sua vida, como que de uma forma automtica este vai somando os momentos estressores da vida a tal ponto que o indivduo se sente impotente para lidar com tantos problemas. A este ponto o paciente levado a enfrentar cada situao em separado, aonde ele vai adquirindo confiana em si mesmo para enfrentar os problemas. O profissional (psiclogo) vai buscando na estria de vida do paciente, exemplos onde o mesmo enfrentou as dificuldades e teve xito.

            Nesta dinmica de atendimento, o processo lento, progressivo e satisfatrio. Percebo que os resultados so benficos ao paciente. No idoso depressivo o uso de medicao indispensvel, pois sem a mesma no haveria tantos resultados positivos.

            Acrescentam-se esta dinmica de atendimento algumas orientaes para que o idoso depressivo busque novos laos afetivos e de socializao, como: frequentar mais assiduamente sua igreja, frequentar grupos de terceira idade ou centro de referncia para idosos, fazer trabalhos voluntrios, praticar atividades fsicas e de preferncia as que so praticadas em grupos; tudo isto para que o idoso possa perceber que a vida pode ser melhor quando compartilhada com outras pessoas, mesmo que em alguns momentos do dia ou da semana.

            Outra orientao que vem dando bons resultados ajudar o idoso para que este foque as atenes da sua vida, naquilo que ele gostaria de ter feito e ainda no fez; isto : algum sonho ou projeto de vida que no pode ser realizado por alguma circunstncia ou motivo qualquer e readequar-se este sonho dentro das limitaes pessoais do idoso para que ele busque realizar tais sonhos ou projetos. Em outras palavras, o profissional ajuda o idoso a sonhar novamente e organizar-se para que esses sonhos se tornem realidade, assim o idoso possa sentir-se vivo novamente.

 

REFERENCIAS

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10. Duarte MB, Rego MAV. Comorbidade entre depresso e doenas clnicas em um ambulatrio de geriatria. Cad Sade Pblica. 2007;23(3):691-700.

11. Leite UMM, Carvalho EMF, Barreto ML, Falco IV. Depresso e envelhecimento: estudo nos participantes do programa UATI.  Rev Bras Sade Matern Infant. 2006;6(1):31-38.

 



* Elisio Mello - Psicologo. Especialista em gerontologia e geriatriz. e-mail: discipuloamado@uol.com.br

** Marina Borges Teixeira – Profa. Dr.a do curso de  Mestrado em enfermagem da Universidade Guarulhos – UnG. e-mail: marina-teixeira@uol.com.br