INFLUÊNCIA DA FONTE ATIVADORA NA
DESMINERALIZAÇÃO DE ESMALTE: ESTUDO IN
VITRO
LIGHT-ACTIVATION SOURCE
INFLUENCE ON ENAMEL DEMINERALIZATION: IN
VITRO STUDY
Cassoni
A*, Ferla JO**,
Arrais CAG***, Souza JT****,
Aras WMF*****
RESUMO: O objetivo desse trabalho foi avaliar os efeitos da fonte
ativadora na desmineralização do esmalte humano através da análise da
microdureza (KHN) de esmalte após desafio de pH in vitro. Trinta e seis blocos de esmalte dental humano
foram seccionados, cavidades foram preparadas, e divididos em 2 grupos de
acordo com o material restaurador: ionômero de
vidro modificado por resina (IVMR) e
resina composta (RC). As cavidades foram restauradas com IVMR ou RC,
ativadas com fonte halógena (QTH), laser de íon argônio (LA) ou light-emitting
diode (LED) (n=6). Os blocos de esmalte restaurados foram
submetidos à ciclagem térmica e de pH para envelhecimento e indução de
desmineralização no esmalte. Em seguida foram seccionados longitudinalmente
para avaliação da desmineralização a 100 mm, 200 mm e 400
mm da
margem do preparo cavitário no esmalte subsuperficial a 30, 60, 90, 120,150,180
e 210 mm de profundidade por meio da
microdureza Knoop (em KHN). Os dados foram
avaliados por ANOVA quatro fatores e teste Tukey (α=0,05). ANOVA mostrou diferenças
estatisticamente significantes para os fatores “material”, “fonte ativadora” e
“distância” (p<0,0001). Os resultados obtidos para o fator material foram:
IVMR: 327,3A e RC: 210,4B. Houve diferenças estatisticamente significantes para
a interação entre os fatores “fonte ativadora” e “distância” (p<0,00001). Os
resultados (KHN) para 100mm de distância foram: QTH: 361,6A; LED: 306,0B; LA:
206,5C. Os resultados (KHN) para 200mm de distância foram: QTH: 316,7A; LED: 259,5B; LA:
269,2B. Os resultados (KHN) para 400mm de distância foram: QTH: 259,5A; LED: 181,6B; LA:
259,1A. Houve uma menor desmineralização do esmalte humano ao redor do IVMR
quando comparado à RC. Conclui-se que a ativação com laser de íon
Argônio proporcionou benefícios semelhantes à ativação com a fonte halógena na
desmineralização do esmalte a partir de 200 µm de distância da margem
cavitária.
PALAVRAS-CHAVES: Resina
composta. Cimentos de ionômeros de vidro. Argônio. Luzes de cura dentária. Cárie Dentária.
ABSTRACT: The objective of this study was to evaluate the
effects of photoactivation source on human enamel demineralization by Knoop
microhardness analysis (KHN) after in
vitro pH challenge. Human teeth were
sectioned in thirty-six blocks, cavities were prepared, and assigned into 2
groups according to restorative material (n=18): resin-modified glass ionomer
material (IVMR) and composite resin (CR). Cavities were restored
with RMGI or RC, which were exposed to quartz-tungsten-halogen lamp (QTH),
argon-ion laser (LA), or Light Emitting Diode (LED) (n=6). Restored enamel
blocks were thermal challenge and submitted to demineralization cycles to
induce enamel demineralization. Restored blocks were longitudinally sectioned
in the middle and Knoop hardness (in KHN) analysis of subsuperficial
caries-like lesions was performed at 30 mm, 60 mm, 90 mm, 120 mm,150 mm, 180 mm, and 210 mm below the
surface and 100 mm, 200 mm and 400 mm distant from
the restored cavity. Data of subsuperficial KHN values were evaluated by 4-way
ANOVA and Tukey’s post-hoc test (α<0.05). ANOVA demonstrated
significant difference for ‘material’; ‘photoactivation source’ and ‘distance’
(p< 0.0001). The results of material factor were: IVMR: 327.3A and RC: 210.4B.
There were statistical differences for ‘photoactivation source’ and ‘distance’
interaction (p<000001). The results (KHN) of 100mm distance were: QTH: 361.6A; LED: 306.0B; LA: 206.5C. The results (KHN) of 200mm distance were: QTH: 316.7A; LED: 259.5B; LA: 269.2B.
The results (KHN) of 400mm distance
were: QTH: 259.5A; LED: 181.6B; LA: 259.1A. There was less human enamel
demineralization around IVMR restoration than around RC. The depth of enamel
caries lesions was similar for the restorative materials. Argon ion
photoactivation led to similar benefits of QTH activation on enamel
demineralization by 200 µm distance from restored cavity.
KEY WORDS: Composite resins. Glass ionomer cements. Argon
lasers. Curing lights Dental. Dental caries.
INTRODUÇÃO
Wilson
e Kent (1972)1
introduziram o cimento de ionômero de vidro (CIV) como material que possuía
propriedades adequadas de selamento e para material restaurador. Esse cimento
apresenta coeficiente de expansão térmico-linear similar ao do dente,
biocompatibilidade, adesão química à superfície de esmalte e dentina e
liberação de íons flúor para o meio bucal especialmente às estruturas
adjacentes à restauração. Cavidades submetidas à força oclusal não são
indicadas para serem restauradas com esse material, pois os CIVs apresentam
baixa resistência ao desgaste e suscetibilidade à fratura. Várias modificações
foram realizadas para atender às necessidades clínicas, funcionais e estéticas2.
Os CIVs são indicados para cimentações de
coroas, próteses, bandas ortodônticas (tipo I), restaurações (tipo II), base,
forramento e selante de fóssulas e fissuras (tipo III), além dos modificados
por resina, que abrangem todas as indicações e possuem a vantagem do controle
do tempo de trabalho pela possibilidade de fotoativação2. O fotoiniciador
mais comum dos materiais resinosos utilizados na Odontologia é a canforoquinona
que é sensível à luz, no espectro de luz visível, na região azul com o pico de
atividade centralizado ao redor de 480 nm3. A fonte de luz
visível halógena consiste de um bulbo de luz de halogênio-tungstênio-quartzo,
depois de filtrada continua a proporcionar um amplo espectro entre 400 e 500nm
e um limitado fluxo de energia3.
Tanto a luz visível
quanto o laser de íon Argônio possuem distribuição de emissão espectral na
faixa de comprimento de onda da absorção da canforoquinona. Toda energia de luz
produzida por meio do laser de Argônio contem a energia útil (o máximo
comprimento de onda da canforoquinona é entre 468 e 492nm, e o comprimento de
onda do laser de Argônio é 488nm) e seu fluxo de energia é maior. O laser de
Argônio produz uma maior quantidade de energia de luz com o comprimento de onda
exato e com um fluxo de energia que pode ser ajustado para cada material4.
A palavra laser é um anacrômio para light amplification by
stimulated emission of radiation. Em
Muitos estudos reportam a utilização do laser de
Argônio para adesão de braquetes ortodônticos6-8. Existe evidência do aumento da
resistência à desmineralização do esmalte dental frente ao desafio cariogênico
e redução do tempo de polimerização requerido comparado à lâmpada halógena6-
Toda a luz produzida pelos aparelhos LED está
concentrada no comprimento de onda azul e uma maior possibilidade de excitação
dos fotoiniciadores é possível além de uma menor alteração
de temperatura na estrutura dental durante a polimerização do material
comparado ao fotopolimerizador convencional11. Porém,
Lesões de cárie induzidas in vitro ao redor de cavidades
restauradas podem trazer informações importantes do comportamento de materiais
restauradores odontológicos no desenvolvimento de cáries13-
O objetivo desse estudo foi
avaliar o potencial cariostático de materiais restauradores Odontológicos e da
fonte de ativação após desafio de pH in vitro por meio de microdureza Knoop em esmalte ao redor de materiais restauradores.
METODOLOGIA
Considerações éticas
Por
envolver dentes humanos, este estudo seguiu os requisitos éticos da Resolução
196/96 do Conselho Nacional de Saúde, Ministério da Saúde do Brasil (Brasil,
Ministério da Saúde)16, e foi submetido e aprovado pelo
Comitê de Ética da Universidade Guarulhos em 15 de junho de 2009 (SISNEP/432, Parecer
no 104/2009).
Delineamento
experimental:
Os fatores em estudo neste
trabalho foram os materiais restauradores em 2 níveis (ionômero de vidro modificado
por resina [IVRM] e resina composta [RC]) utilizados nas restaurações
realizadas em dentes humanos preparados com alta rotação, e ativados por fontes
ativadoras, em 3 níveis (halógena [QTH], laser
de íon Argônio [LA] e light emitting
diode LED) avaliados em profundidade (7 níveis - 30, 60 mm, 90 mm, 120 mm, 150 mm, 180 mm e 210
mm) e em
3 níveis de distância (100 mm, 200 mm e 400
mm da
margem do preparo cavitário). A variável de resposta foi a microdureza
superficial em Knoop hardness number (KHN).
Tabela 1. Grupos
experimentais de materiais restauradores e fontes polimerizadoras
Grupos |
Sub-Grupos |
n amostras |
|
Fontes e tempos de irradiação |
|||
IVMR |
1.1 |
Halógena – 40s |
6 |
1.2 |
Laser de Argônio – 20s |
6 |
|
1.3 |
LED – 20s |
6 |
|
RC |
2.1 |
Halógena – 40s |
6 |
2.2 |
Laser de Argônio – 20s |
6 |
|
2.3 |
LED – 20s |
6 |
IVMR- ionômero de vidro modificado por
resina (Vitremer - 3M ESPE)
RC- Resina composta (Filtek Z-350 - 3M ESPE)
As unidades experimentais foram 36 blocos de
esmalte dental humano divididos em 2 grupos de acordo com material restaurador
e subdivididos em três grupos de acordo com a fonte polimerizadora, restaurados
em 2 blocos contendo três unidades experimentais de cada subgrupo (Tabela
1).
Seleção e preparo dos
fragmentos:
Foram
utilizados 36 dentes humanos recém-extraídos, mantidos em solução de timol
0,1%. Os dentes foram limpos e as raízes foram seccionadas com discos
diamantados de dupla face (referência 7020 - KG Sorensen) em baixa-rotação, sob
refrigeração. Posteriormente as coroas foram seccionadas nos sentidos mésio-distal
e vestíbulo-lingual, obtendo-se os blocos de esmalte com área aproximada de 4X4
mm, utilizando-se de cera pegajosa e utilidade para fixação das amostras
durante a realização dos cortes.
Os blocos de esmalte foram observados em lupa
estereoscópica (2X) após a secagem com papel absorvente e foram excluídos das
amostras aqueles dentes que apresentem trincas, restaurações, fluorose,
manchas, hipoplasia ou lesão de cárie nas suas superfícies.
Preparo e restauração
das cavidades:
Foram confeccionadas
cavidades circulares de
Imediatamente após o término dos
preparos cavitários, as amostras foram armazenadas em potes escuros com tampa,
identificados com caneta à prova de água, e mantidas
em ambiente de umidade relativa com penso de algodão embebido em solução
fisiológica e refrigeração por 24h até a realização das restaurações.
A sequência da
restauração dos preparos cavitários, de cada bloco experimental, foi
aleatorizada e composta por seis unidades experimentais de cada subgrupos
(Tabela 1).
Nos grupos 1.1, 1.2 e 1.3 as cavidades foram restauradas com o ionômero de vidro
modificado por resina (Vitremer - 3M ESPE), seguindo as orientações do
fabricante.
Previamente
foi realizada a secagem das cavidades, com pedaços de papel filtro absorventes
na dentina, mantendo sua umidade e brilho, e breve jato de ar no esmalte (10 s)
à distância de
As cavidades foram
tratadas com primer, utilizando-se o
pincel descartável, por 30 s, seguido de volatilização do primer com leve jato de ar a distância de
Os frascos do pó e do líquido foram
vigorosamente agitados, uma porção do pó, usando a colher medida apropriada, foi
incorporada em uma gota do líquido em bloco de papel. O material foi aglutinado
com espátula plástica e inserido na cavidade com auxílio da seringa Centrix e
fotoativado por 40 s. A restauração foi realizada evitando-se deixar excessos,
e caso houvessem, estes foram removidos com lâmina de bisturi nº 12.
As restaurações de IVRM receberam acabamento com
discos de lixa de granulação decrescente (Sof-Lex-3M ESPE), e receberam uma
camada de Finishing Gloss aplicado
sobre as restaurações e polimerizados durante 20 s com o Optilux
(Demetron-Kerr), nos grupos 1.1, 1.2 e 1.3 e foram
colocados em umidade relativa à 37º C em estufa (Fanem – Modelo 315 DC,
São Paulo, Brasil), até o momento da indução de
lesões de cárie.
Nos grupos 2.1, 2.2 e 2.3 as
cavidades foram restauradas com resina composta Z- 350 (3M ESPE) cor OA3 (RC).
As cavidades
receberam condicionamento prévio com ácido fosfórico 35% por 15s, no esmalte e
dentina, lavagem com água destilada por 20 s, seguida de secagem com pedaços de
papéis filtro absorventes na dentina, mantendo sua umidade e brilho, e breve
jato de ar no esmalte (10 s) à distância de
Posteriormente, foi realizada a
aplicação com pincel descartável de duas camadas consecutivas do sistema
adesivo Adper Single Bond 2 (3M ESPE), seguindo a orientação do fabricante,
seguido de volatilização dos monômeros e solvente com leve jato de ar à
distância de
As
restaurações de RC foram mantidas em umidade relativa a 37ºC em estufa (Fanem – Modelo 315
DC, São Paulo, Brasil) por 24 horas. Decorrido este
tempo, receberam acabamento com discos de lixa de granulação decrescente
(Sof-Lex-3M ESPE), e foram colocadas em umidade relativa a 37º C, até o momento
da indução de lesões de cárie artificial.
Indução de lesões de
cárie artificial
Lesões
artificiais de cárie incipiente foram obtidas a partir do modelo dinâmico de
ciclos de desmineralização e remineralização proposto por Featherstone em 198618 e
descrito por Serra & Cury em 199519.
Sobre
as restaurações realizadas nos fragmentos de esmalte humano foram colocados
discos de fita adesiva com
Foram imersos os fragmentos
em solução desmineralizadora (
Termociclagem:
A ciclagem térmica foi
realizada em máquina e composta de 200 ciclos, em banhos de água destilada de
5º ± 2ºC a
55º ± 2ºC,
com tempo de permanência de um minuto em cada banho e intervalo de 15
s19.
Após a ciclagem foi removida a cera dos
fragmentos e estes foram mantidos em estufa (Fanem – Modelo 315 DC, São Paulo,
Brasil) a 37 oC e 100% de umidade relativa
até que fossem submetidos às análises.
Avaliação da Microdureza Subsuperficial:
Os espécimes
restaurados foram cortados longitudinalmente no centro da restauração com disco
diamantado dupla-face montado em baixa rotação (KG Sorensen Ind. e Com. Ltda.)
(Figura 1).
Figura 1. Esquematização
do corte longitudinal para as avaliações de microdureza de esmalte
subsuperficial
A metade de cada
espécime foi incluída em resina de poliestireno com a face cortada voltada para
baixo e a subsuperfície restaurada foi polida com disco de carbeto de silício
600 e 1000 (Carborundum Abrasivos Ltda, Vinhedo, SP, Brasil). O polimento foi
realizado com pastas abrasivas (6 μm, 3 μm, 1 μm e 0,25 μm
– Buehler Ltd., Lake Bluff, IL, USA) com discos de feltro, sob lubrificação a
óleo mineral.
O ensaio de microdureza em esmalte foi realizado
utilizando-se microdurômetro e penetrador tipo Knoop (Pantec Pan Tec – Panambra Ind. e Técnica SA, São Paulo, Brasil) com carga de
Figura
2. Esquematização da
localização das avaliações de microdureza de esmalte subsuperficial.
Os
valores obtidos, referentes ao tamanho da diagonal maior de cada identação, foram
transformados em KHN (knoop Hardness
Number – número de dureza Knoop)
utilizando a fórmula: KHN = (14,23 Х106 Х F)/d2
onde, F = força em gramas, d = distância da diagonal maior,
Análise
Estatística
Após a verificação da
homogeneidade das amostras foi realizado o teste estatístico ANOVA quatro fatores para verificar a
influência das quatro variáveis avaliadas: material, fonte de ativação,
profundidade e distância. Os valores de microdureza Knoop (KHN) foram comparados por meio do teste de Tukey
(α=0,05). O software empregado foi o SANEST (EPAMIG, MG, Brasil).
Resultados
A Figura 3 apresenta as
imagens das lesões incipientes obtidas após a ciclagem de pH de acordo com os
grupos experimentais.
Grupos |
|
CIVMR |
RC |
|
2.1 QTH |
1.2 LA |
2.2 LA |
1.3 LED |
2.3 LED |
Figura 3. Imagens das lesões incipientes obtidas após a
ciclagem de pH de acordo com os grupos experimentais.
Avaliação da microdureza do esmalte subsuperficial
Os dados foram avaliados ANOVA quatro e teste de Tukey (α=0,05). A média da microdureza
Knoop (KHN) e o desvio padrão obtidos
nas superfícies de esmalte está apresentada na Figura 4 para melhor
visualização.
Figura 4. A média da microdureza Knoop (KHN) e o desvio padrão obtidos na superfície de esmalte
adjacentes às restaurações de acordo com cada grupo avaliado.
A ANOVA mostrou diferenças estatisticamente significantes para os fatores
“material”, “fonte ativadora” e “distância” (p< 0,0001). O IVMR apresentou
maior valor de microdureza do que a RC (Tabela 2).
A Tabela 2 mostra os valores exploratórios e os
resultados de Tukey para o fator material e as médias para o fator fonte para a
avaliação do esmalte.
Tabela 2. Média [desvio padrão] da microdureza de esmalte (KHN) para o fator
material e resultado do Teste Tukey (α=0,05).
Esmalte |
QTH 28 J/cm2 |
AL 12,8 J/cm2 |
LED 24 J/cm2 |
Fator Material |
IVMR (n=35) |
373,8 [162,6] |
299,6 [151,7] |
308,4 [115,1] |
327,3 [147,9]A |
RC (n=35) |
251,3 [128,4] |
198,5 [83,4] |
181,5 [139,8] |
210,4 [123,0]B |
Médias seguidas por letras maiúsculas diferentes na
coluna indicam diferenças estatisticamente significantes (p< 0,05) n=número
de amostras
Houve diferença
estatisticamente significante para a interação entre os fatores “fonte
ativadora” e “distância” (p<0,00001). A Tabela 3 mostra os valores
exploratórios e os resultados de Tukey para o fator fonte ativadora em 100 µm
de distância.
Tabela 3. Média [desvio padrão] da microdureza de esmalte (KHN) para o fator fonte ativadora em
100 µm de distância e resultado do Teste Tukey
(α=0,05).
|
IVMR (n=35) |
RC (n=35) |
Fator Fonte Ativadora (n=70) |
QTH 28 J/cm2 (n=35) |
482,6 [171,7] |
240,5 [187,4] |
361,6 [216,1]A |
LED 24 J/cm2 (n=35) |
393,5 [125,9] |
218,4 [71,6] |
134,6 [134,6]B |
LA 12,8 J/cm2 (n=35) |
357,3 [84,1] |
55,8 [35,5] |
206,5 [164,8]C |
Médias seguidas por letras maiúsculas diferentes na
coluna indicam diferenças estatisticamente significantes (p< 0,05) n=número
de amostras
A Tabela 4 mostra os valores exploratórios e os
resultados de Tukey para o fator fonte ativadora em 200 µm de distância.
Tabela 4. Média [desvio padrão] da microdureza de esmalte (KHN) para o fator fonte ativadora em
200 µm de distância e resultado do Teste Tukey
(α=0,05).
|
IVMR (n=35) |
RC (n=35) |
Fator Fonte Ativadora (n=70) |
QTH 28 J/cm2 (n=35) |
363,9 [111,1] |
269,5 [105,5] |
316,7 [117,6]A |
LED 24 J/cm2 (n=35) |
321,6 [153,7] |
197,4 [72,9] |
259,5 [134,8]B |
LA 12,8 J/cm2 (n=35) |
276,3 [122,3] |
262,0 [142,8] |
269,2 [132,2]B |
Médias seguidas por letras maiúsculas diferentes na
coluna indicam diferenças estatisticamente significantes (p< 0,05) n=número
de amostras
A Tabela 5 mostra os valores exploratórios e os
resultados de Tukey para o fator fonte ativadora em 400 µm de distância.
Tabela 5. Média [desvio padrão] da microdureza de esmalte (KHN) para o fator fonte ativadora em
400 µm de distância e resultado do Teste Tukey
(α=0,05).
|
IVMR (n=35) |
RC (n=35) |
Fator Fonte Ativadora (n=70) |
QTH 28 J/cm2 (n=35) |
274,9 [129,1] |
244,1 [60,7] |
259,5 [101,3]A |
LED 24 J/cm2 (n=35) |
183,6 [86,6] |
179,6 [100,3] |
181,6 [93,2]B |
LA 12,8 J/cm2 (n=35) |
291,6 [121,2] |
226,7 [114,7] |
259,1 [121,5]A |
Médias seguidas por letras maiúsculas diferentes na
coluna indicam diferenças estatisticamente significantes (p< 0,05) n=número
de amostras
Discussão
O uso do laser de íon Argônio para ativação de
materiais odontológicos à base de resina apresenta resultados satisfatórios para
a colagem de braquetes ortodônticos6-8, ativação de resina composta5,21-22,
compômeros23 assim como selantes de fóssulas e fissuras24.
A maior diferença entre a
polimerização com luz visível (halógena) e laser de íon Argônio de resinas compostas e o ionômero de vidro modificado
por resina foi notada através de mudanças topográficas na superfície adjacente
às restaurações25.
Acredita-se que as alterações na estrutura mineral e componentes orgânicos
produzem uma superfície menos susceptível à formação de cáries.
Hicks et al. (2004)26 investigaram o papel da radiação com laser de íon Argônio e sua combinação com aplicação tópica de
flúor na redução da formação de lesões de cárie in vivo. Somente a
aplicação prévia de laser de
íon Argônio com baixa fluência (12 J/cm2) reduziu em 44% a
profundidade das lesões. Quando associada à aplicação tópica de flúor houve uma
redução das lesões de cárie na ordem de 62%. Das et al. (2009)24
reportou uma diminuição da lesão de cárie de 47% após a ativação com laser de
íon Argônio comparada ao LED e observada através de luz polarizada.
O
ionômero de vidro modificado por resina (IVMR) apresenta propriedades mecânicas
melhoradas comparadas aos convencionais27. O IVMR apresenta a reação ácido-base entre o vidro
fluoralumínio silicato e o ácido poliacrílico (semelhante à reação dos cimentos
de ionômero de vidro convencionais) e uma reação de polimerização ativada por
luz dos grupos metacrilatos28. Uma terceira reação mediada pelo sistema Redox
está presente no material avaliado no presente estudo (Vitremer- 3M ESPE)
Kramer
et al.31, em 2008, afirmam que
a tecnologia LED mudou de forma considerável e que os LED de alta potência são capazes
de entregar uma maior intensidade de luz
com um único diodo dentro da unidade polimerizadora. A ativação com LED foi desfavorável
em relação à fonte halógena nas três distâncias avaliadas no presente estudo.
Não existem trabalhos na literatura comparáveis, porém existem dados com relação
ao comportamento físico e mecânico do IVMR avaliado nesse estudo. A ativação
com LED resulta em valores inferiores de microdureza em
No presente estudo observaram-se valores
inferiores após a ativação com LED em 200 e 400 µm comparados ao QTH. A
polimerização com LED, que é uma fonte de alta intensidade pode causar um
desenvolvimento mais rápido das forças de contração de polimerização35.
Cassoni et al. (2011)36 afirmam que valores de microdureza do IVMR
avaliado no presente estudo e ativado com LED aumentam após 6 meses de
estocagem. O aumento nos valores de microdureza pode ser explicado devido a uma
terceira reação de polimerização desse material mediada por catalisador Redox (presente
somente na composição do Vitremer) e que é ativado pela água28. No presente estudo a ciclagem de pH foi
iniciada 24hs após a ativação do IVMR e não houve tempo hábil para a sua total
cura.
A ativação com laser de íon Argônio não
proporcionou benefícios adicionais na progressão da desmineralização de esmalte
subsuperficial em 100 µm ou 200 µm de distância da cavidade restaurada,
independente do material restaurador avaliado. Por outro lado, na avaliação de
400 µm de distância, o esmalte apresentou valores de KHN semelhantes para
ativação com o LA e QTH. O esmalte ao redor das restaurações ativadas com LED
obteve menores valores de microdureza em 200 e 400 µm de distância.
CONCLUSÕES
Podemos concluir que a ativação com laser de íon
Argônio proporcionou benefícios semelhantes à ativação com a fonte halógena na
desmineralização do esmalte a partir de 200 µm de distância da margem
cavitária.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem o apoio da FAPESP (Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), Projeto 2009/02240-3 e da UnG
(Universidade Guarulhos, PESQDOC-Pesquisa Científica Docente)
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* Alessandra Cassoni- DDS, MS, Ph.D, Professora Adjunta do
Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade Guarulhos, área de
Dentística. Guarulhos, SP, Brasil. e-mail: acassoni@prof.ung.br
** Juliana de Oliveira Ferla- Mestre pelo Programa de
Pós-Graduação em Odontologia da Universidade Guarulhos, área de Dentística.
Guarulhos, SP, Brasil. e-mail: julianaferla@hotmail.com
*** Cesar Augusto Galvão Arrais- DDS, MS, Ph.D, Professor
Assistente do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade
Guarulhos, área de Dentística. Guarulhos, SP, Brasil. e-mail:
carrais@prof.ung.br
**** Juliana Turini de Souza- Aluna do Curso de Graduação em
Odontologia da Universidade Guarulhos. Guarulhos, SP, Brasil. e-mail:
juliturini@hotmail.com
***** Wanessa Maria de Freitas Aras- Professora do Departamento
de Saúde, Faculdade de Odontologia, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia,
Jequié, BA, Brasil. e-mail: wanessa_aras@yahoo.com.br
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