SENESCÊNCIA E A SINDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA: ESTUDO DO CENÁRIO BRASILEIRO

Marcelo Luiz Medeiros Soares, Bruna Michelle de Souza Alves, Cássia Juliana da Silva Araújo, Aline Luzia Sampaio Guimarães, Nathália Alves Castro do Amaral

Resumo


Introdução: No novo milênio, a configuração epidemiológica da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) passa por um processo de transformação. Anteriormente restrita aos jovens, do gênero masculino e aos polos urbanos, tem passado por um processo contínuo de envelhecimento, heterossexualização e interiorização. A endemia permanece como sendo um grande desafio à saúde pública, que associado à mudança demográfica da população mundial, notabiliza o aumento da incidência em indivíduos acima de 65 anos. Conquanto, o risco de contaminação de idosos pelo vírus é, por vezes, ignorado por parte da comunidade e dos profissionais da saúde. Deste modo, fica evidente a imprescindibilidade de estudos que busquem contrapor o paradigma de que idosos não estão susceptíveis à infecção por, aparentemente, não apresentar vida sexual ativa. Objetivo: Averiguar o comportamento histórico da incidência da SIDA na população acima de 65 anos e traçar o perfil sociodemográfico e geográfico dos casos notificados entre 2000 e 2013, em todo território nacional, por regiões do país. Método: Estudo ecológico de série histórica, concebido a partir de consultas ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação, disponível no sítio eletrônico do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Resultados: Percebeu-se aumento na incidência da doença na população estudada, haja vista a evolução de 3,4 casos/100 mil habitantes em 2000 para 6,3 casos/100 mil habitantes em 2013 - expansão de 85,2% em treze anos. Do total de 8.627 casos notificados, a maioria era do gênero masculino (62%), branco (35%), com ensino fundamental incompleto (27%) e heterossexual (45%). A Região Sudeste do Brasil despontou como a área de maior notificação de casos novos (50%). Conclusão: A incidência de idosos portadores da SIDA vem aumentando progressivamente. Idosos brancos, com baixa escolaridade, heterossexuais e residentes na Região Sudeste do país é o público mais acometido pela doença. O envelhecimento para ser uma experiência positiva exige independência e qualidade de vida, concebendo a sexualidade como algo normal e, portanto, inerente à rotina dessa população. Evidencia-se a necessidade de políticas públicas de saúde articuladas à saúde integral do idoso e voltadas a essa problemática. A capacitação de profissionais da assistência e da vigilância epidemiológica torna-se fundamental na mudança de paradigmas errôneos que interferem diretamente no processo do cuidado sexual da pessoa idosa.

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