HOMICÍDIOS FEMININOS NO RECIFE: LINKAGE DE BASES DE DADOS PARA VERIFICAÇÃO DE VIOLÊNCIA ANTERIOR

Sheyla Carvalho de Barros, Maria Olívia Soares Rodrigues, Daniela Pereira da Silva, Conceição Maria de Oliveira

Resumo


Introdução: A notificação da violência contra mulher é obrigatória nos serviços de saúde, devendo ser registrada na ficha de notificação do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Tal violência é um problema que requer ações intersetoriais. Muitas vezes a mulher que sofre violência busca ajuda durante longos períodos sem conseguir auxilio e proteção do Estado e o ponto final desse percurso crítico em alguns casos é o homicídio. Objetivo: Verificar a frequência de homicídios de mulheres no Recife cujas vítimas tiveram registros no Sinan de violência prévia. Metodologia: Estudo descritivo, transversal, com dados secundários. A população do estudo correspondeu aos óbitos de mulheres por homicídio, ocorridos no período de 2010 a 2014 e casos de violência registrados no Sinan de 2009 a 2014, ambos de mulheres a partir dos 10 anos de idade, residentes no Recife. O software RecLink III foi usado para a aplicação do linkage entre os dois bancos e as análises estatísticas foram feitas através do SPSS. Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do IMIP, CAAE 53676316.8.0000.5201. Resultados e Discussão: Havia 193 homicídios e 5.522 casos de violência. Identificou-se 11 (5,7%) mulheres cujo óbito foi homicídio e que tinham notificações anteriores de violência. O intervalo de tempo entre a última violência registrada no Sinan até ocorrer a agressão que causou o óbito foi em média 15 meses, sendo o menor intervalo oito dias e o maior intervalo quatro anos. Dessas 11 mulheres, sete pertenciam a faixa etária de 20 a 39 anos, dez tinham a cor da pele parda, dez eram solteiras, nove haviam estudado até o ensino fundamental e seis não exerciam trabalho remunerado. A maioria dos óbitos ocorreram em via pública ou hospital, por meio de disparo de arma de fogo. A violência prévia mais notificada foi força corporal/espancamento. Em 63,6% os episódios eram recorrentes. Parceiros e ex-parceiros foram os principais agressores e a suspeita de ingestão de álcool pelo agressor representa 63,6%. Há registros de encaminhamentos para outros setores que poderiam ajudar essas mulheres sendo as delegacias e outros serviços de saúde os de maior ocorrência. Conclusão: No Recife foi identificado homicídios cujas vítimas possuíam notificações de outras agressões. A violência contra a mulher é uma questão pública e merece a atenção das autoridades, maior abordagem do problema na sociedade, punições justas aos agressores e uma rede de proteção que envolva setores públicos e privados têm que continuar crescendo e se aprimorando para a redução das diversas formas de violência.

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