PATOLOGIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO – ATÉ QUANDO? UMA REFLEXÃO NECESSÁRIA
Palavras-chave:
Patologização, Fracasso escolar, Educação, Inclusão, Paulo Freire.Resumo
O estudo teve como objetivo principal trazer uma reflexão sobre a patologização da educação e da sociedade. Traz brevemente a forma como a visão biomedicalizadora se instaurou na sociedade, a conceitualização do “mal”, a forma como a visão sobre o “mal” deixou de ser religiosa e passou a ser médica. A patologização da educação é um problema atual que está crescendo dia após dia, constata-se isso ao observar o aumento na produção e no consumo de psicotrópicos. A escola tem servido como local principal na instauração desse processo medicalizador, o fracasso escolar é justificado na patologização, as crianças passam a ser rotuladas e divididas em dois grupos: as crianças que aprendem e as crianças que não aprendem, e assim são privados do seu direito de ser criança, internalizam uma patologia inexistente, são culpabilizadas e isenta-se a responsabilidade dos professores, das escolas, dos sistemas de ensino e das políticas de um problema tão antigo que é o fracasso escolar. Assim uma falsa inclusão escolar ganha espaço, a inclusão que objetiva a normalização, que não respeita a diversidade, que enxerga limitações e ignora as potencialidades.Referências
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