MOBILIDADE E FORMA URBANA: TRANSPORTE COLETIVO E SELETIVIDADE SÓCIO-ESPACIAL

Autores

  • Marcos Timóteo Sousa UNG

Palavras-chave:

Transporte Coletivo, Mobilidade e Forma Urbana

Resumo

As cidades brasileiras apresentam crescentes problemas de congestionamentos em decorrência de históricas escolhas por planejamentos que privilegiaram o uso do automóvel em prejuízo de funcionais opções de transporte coletivo. Com isso, a forma urbana acompanhou e dificultou tais questões, na medida em que produz e reforça os processos de segregação espacial. Se por um lado as cidades brasileiras apresentam graves indicadores de mobilidade urbana, com tempos excessivos e em condições degradáveis, por outro, têm-se áreas, nas mesmas cidades, que possuem facilidades de mobilidade, com opções de modais e, razoavelmente, boas condições. Há, assim, também um privilégio de mobilidade - inclusive do transporte coletivo - em algumas áreas de maior poder aquisitivo, por conseguinte, de maior preço da terra e dos imóveis. Assim, vários são os fatores que influenciam a organização das cidades e a mobilidade urbana. Neste texto procuraremos demonstrar como a forma, a escala urbana e as opções implantadas do transporte coletivo influenciam nos perfis dos usuários e nos seus respectivos status quos de diferenciação nas maneiras de apropriação do espaços urbanos. Nas áreas metropolitanas, em razão da escala territorial e dos processos de fragmentação espacial, encontram-se os mais degradantes problemas de mobilidade urbana, que atingem, predominantemente, as camadas de menor poder aquisitivo moradoras das áreas geometricamente periféricas, inclusive de outros municípios da metrópole, mas também, por outro lado, há áreas bem servidas de opções de transporte urbano, com tempos reduzidos de deslocamentos e, que, por possuírem boas opções de transporte coletivo, inclusive de massa, têm entre os usuários deste, a camada de médio poder aquisitivo - a tradicional classe média. Tal parâmetro, aliás, reflete e reforça a variação dos preços praticados pelo mercado imobiliário, tornando as áreas melhor servidas de transporte - como o metrô - mais valorizadas. Tal fato é bastante comum de ser verificado nas peças de marketing dos lançamentos mobiliários e nas amenidades constantemente apontadas pelos corretores de imóveis. Nas cidades médias, onde não há a presença de transporte de massa, e a escala urbana permite que os deslocamentos por automóveis sejam realizados em curtos intervalos de tempo, permite que o uso do automóvel seja considerado como imperial e distintivo aos que dele podem usufruir, deixando os demais vulneráveis aos problemas da ineficiência do transporte coletivo, ou mesmo, ao deslocamento em grandes intervalos de tempo e com desconforto ao pedestres.

Biografia do Autor

Marcos Timóteo Sousa, UNG

Professor de transportes e topografia UNG. Pós-Doutor em Geografia (UFF/RJ). Doutor em Planejamento Urbano (Unesp). Mestre em Engenharia de Transportes (Unicamp).

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Publicado

2017-12-26

Como Citar

Sousa, M. T. (2017). MOBILIDADE E FORMA URBANA: TRANSPORTE COLETIVO E SELETIVIDADE SÓCIO-ESPACIAL. Revista Engenharia E Tecnologia Aplicada - UNG-Ser, 1(1), 24–46. Recuperado de https://revistas.ung.br/index.php/engenhariaetecnologia/article/view/3049

Edição

Seção

ARTIGOS