SANEAMENTO BÁSICO E TECNOLOGIAS ECOLÓGICAS NO BRASIL: DESAFIOS, SOLUÇÕES SUSTENTÀVEIS E PERSPECTIVAS DE ECONOMIA CIRCULAR
DOI:
https://doi.org/10.33947/geociencias.v24i1.5333Palavras-chave:
Saneamento básico; Economia circular; Tecnologias ecológicas; Políticas públicas; Regulação.Resumo
O saneamento básico é um dos principais desafios socioambientais do Brasil, impactando diretamente a saúde pública, o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável. Apesar dos avanços legais e institucionais, como o Novo Marco Legal do Saneamento (Lei nº 14.026/2020), o país ainda enfrenta grandes desigualdades no acesso à água tratada, esgotamento sanitário e manejo adequado dos resíduos sólidos, principalmente em áreas rurais e periferias urbanas. Diante desse contexto, cresce o interesse por soluções inovadoras baseadas em tecnologias ecológicas alinhadas aos princípios da economia circular, que favorecem o reaproveitamento de recursos e a redução de impactos ambientais. A metodologia adotada neste artigo consistiu em uma revisão bibliográfica sistemática, compreendendo a análise de artigos acadêmicos, relatórios técnicos, políticas públicas e estudos de caso, provenientes de bases como SciELO, Portal de Periódicos Capes, Google Scholar e documentos institucionais. O recorte temporal priorizou publicações das duas últimas décadas que contemplassem tanto desafios históricos quanto inovações recentes e experiências práticas em diferentes regiões do país. Os principais resultados apontam que tecnologias como tanques de evapotranspiração, círculos de bananeira, wetlands construídos e fossas sépticas biodigestoras têm sido alternativas viáveis para áreas carentes de infraestrutura tradicional. Destacam-se ainda práticas de reuso de água, aproveitamento do lodo e geração de biogás em estações de tratamento de esgoto. Estudos de caso revelam impactos positivos na saúde, no ambiente e na inclusão social, com maior protagonismo comunitário e potencial de geração de renda. Contudo, desafios persistem relacionados à regulação, financiamento, aceitação cultural e capacitação técnica. Conclui-se que para a universalização do saneamento ecologicamente sustentável no Brasil, é fundamental promover a integração entre políticas públicas, inovação tecnológica, fortalecimento da regulação e incentivos à economia circular, além da participação efetiva da sociedade civil para garantir equidade e resiliência dos serviços.
Referências
ANÍCIO, S. O.; ALVES, D.A.; SILVA, E.I.; SILVEIRA, L.; BRANCO-FILHO, T.CT.; MALHEIROS, T.F.; Situação da economia circular a partir do novo marco legal do saneamento básico no Brasil. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v. 25, n. 2, 2021. DOI: http://dx.doi.org/10.38116/brua29art5
BAULI, Mariana Rodrigues. Economia Circular: uma análise das estruturas de governança. 2019. 159 f. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2020. https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3136/tde-12042021-155758/
BRASIL. Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico. Diário Oficial da União, Brasília, 2007.
BRASIL. Lei nº 14.026, de 15 de julho de 2020. Atualiza o marco legal do saneamento básico. Diário Oficial da União, Brasília, 2020a.
CERVI, Joline. Gestão de Recursos Hídricos e Economia Circular: Estudo Comparativo Entre Brasil e Espanha. 2021. Disponível em: https://www.upf.br/_uploads/DISSERTA%C3%87%C3%83O%20-%20JOLINE%20CERVI_299018.pdf
CHERNICHARO, C.A.L.; RIBEIRO, T.B.; PEGORINI, E.S.; POSSETTI, G.R.C.; MIKI, M. K.; SOUZA, S.N. Contribuição para o aprimoramento de projeto, construção e operação de reatores UASB aplicados ao tratamento de esgoto sanitário - Parte 1: tópicos de interesse. Revista DAE, v. 66, p. 5 – 16, 2018. Disponível em: <http://revistadae.com.br/downloads/edicoes/Revista-DAE-214.pdf>. Acesso em: 31 mar. 2022.
» http://revistadae.com.br/downloads/edicoes/Revista-DAE-214.pdf>
CONCEIÇÃO, M. M.; ALVES, M. de F. P.; CONCEIÇÃO, J. T. P.; CASTRO, P. Waste in Portugal - An Analysis of Plastic Waste. Research, Society and Development, v. 7, n. 8, p. 01-07, 2018. DOI: https://doi.org/10.17648/rsd-v7i8.382
CONCEIÇÃO, M. M.; CONCEIÇÃO, J.T.P; LAZZARESCHI, N.; SALES, M. D.; DALMAS, F.B. Quanto custa e quanto rende o lixo doméstico gerado por dia, mês e ano na cidade de Guarulhos – um olhar socioeconômico dos seus restos. RECIMA21 - Revista Científica Multidisciplinar, v. 3, n. 6, 2022. doi: https://doi.org/10.47820/recima21.v3i6.1609
CONCEIÇÃO, M.M.; CONCEIÇÃO, J.T.P; SILVA, A.R.; ALVES, M.F.; SALES, M.D.; FERREIRA, M.L.. Viabilidade econômica da reciclagem dos resíduos domésticos da cidade de Coimbra – utilizando o aplicativo VERDES-PT. Recima21 - Revista Científica Multidisciplinar, v. 2, n. 2, p. 1-13, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.47820/recima21.v2i2.1617.
ELLEN MACARTHUR FOUNDATION. Towards the Circular Economy: Economic and business rationale for an accelerated transition. 2013. Disponível em: https://ellenmacarthurfoundation.org.
ELLEN MACARTHUR FOUNDATION. Towards the circular economy: economic and business rationale for an accelerated transition. 2017. Disponível em: https://www.ellenmacarthurfoundation.org/assets/downloads/publications/Ellen-MacArthur-Foundation-Towards-the-Circular-Economy-vol.1.pdf
ESPANHA. Real Decreto 1620/2007, de 7 de diciembre. Por el que se establece el régimen jurídico de la reutilización de las aguas depuradas. Boletín Oficial del Estado, Madrid, 2007. Disponível em: https://www.boe.es/buscar/doc.php?id=BOE-A-2007-21092.
CASTILLO-DÍAZ, F.J.; BELMONTE-UREÑA , L.J.; DIÁNEZ-MARTÍNEZ, F.; CAMACHO-FERRE, F.; Challenges and perspectives of the circular economy in the European Union: A comparative analysis of the member states, Ecological Economics, Volume 224, 2024, 108294, ISSN 0921-8009. https://doi.org/10.1016/j.ecolecon.2024.108294.
GEISSDOERFER, M.; SAVAGET, P.; BOCKEN, N.; HULTINK, E.J. The Circular Economy – A new sustainability paradigm? Journal of Cleaner Production, v. 143, p. 757-768, 2017. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2016.12.048
GHISELLINI, P.; CIALANI, C.; ULGLIATI, S. A review on circular economy: the expected transition to a balanced interplay of environmental and economic systems. Journal of Cleaner Production, v. 114, p. 11-32, 2016. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2015.09.007
GONÇALVES, Taynara Martins; BARROSO, Ana Flavia da Fonseca. A economia circular como alternativa à economia linear. In: Anais do XI Simpósio de Engenharia de Produção de Sergipe, 2019. Disponível em: https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/12561/2/EconomiaCircularAlternativa.pdf
INE. Indicadores de Desenvolvimento Europeu. Portugal, 2018.
LIMA, F. T. S. Projeto de implantação de sistema de fossa séptica biodigestora e clorador no Sítio Rio Manso/RJ. Revista Fluminense de Extensão Universitária, v. 2, n. 2, p. 11-26, 2012. https://editora.univassouras.edu.br/index.php/RFEU/article/view/554
MARTINETTI, T. H.; SHIMBO, I.; TEIXEIRA, B. A. N. Pesquisa-ação participativa para execução de sistema de tratamento local de efluentes sanitários residenciais sustentável: caso do assentamento rural Sepé-Tiaraju. Ambiente Construído, v. 9, n. 3, p. 43-55, 2009. https://seer.ufrgs.br/ambienteconstruido/article/view/9507
PACHECO, R. S. Regulação no Brasil: desenho das agências e formas de controle. Revista de Administração Pública, v. 40, n. 4, p. 523-543, 2006. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/s0034-76122006000400002.
PAES, W. M.; CRISPIM, M. C.; FURTADO, G. D. Uso de tecnologias ecológicas de saneamento básico para solução de conflitos socioambientais. Gaia Scientia, v. 8, n. 1, p. 226-247, 2014. https://periodicos.ufpb.br/index.php/gaia/article/view/19154
PARLAMENTO EUROPEU. Economia circular: definição, importância e benefícios. 2023. Disponível em: https://www.europarl.europa.eu/.
SANASA. Usina Verde de Compostagem. 2022. Disponível em: https://www.sanasa.com.br/.
SANTOS, G. R.; KUWAJIMA, J. I.; SANTANA, A. S. Regulação e investimento no setor de saneamento no Brasil: trajetórias, desafios e incertezas. Rio de Janeiro: Ipea, 2020. https://repositorio.ipea.gov.br/handle/11058/10222
SNIS - Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento. 25º Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos - 2019. Brasília: SNS/MDR, 2020.
SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento. Diagnóstico de Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos 2019. Ministério do Desenvolvimento Regional, Brasília, 2019.
SOUSA, S. M. P. S.; SANTANA, R. N. N. Saneamento ambiental no Brasil: legado histórico e desafio para a política social. Argumentum, Vitória, v. 8, n. 1, p. 158-173, 2016. DOI: http://dx.doi.org/10.18315/argumentum.v8i1.10530
VIANA, F. L. E.. Economia Circular e Gestão de Resíduos Sólidos ? Perspectivas para o Brasil e o Nordeste. Revista Econômica do Nordeste, v. 52, p. 9-25, 2021. http://https://www.bnb.gov.br/revista/index.php/ren/index, ISSN/ISBN: 23579226.
WWF. Relatório Anual. World Wildlife Fund, 2018.
VILARINHO, Cíntia Maria Ribeiro; COUTO, Eduardo de Aguiar do. Saneamento básico e regulação no Brasil: desvendando o passado para moldar o futuro. Revista Digital de Direito Administrativo, [S. l.], v. 10, n. 2, p. 233–257, 2023. DOI: 10.11606/issn.2319-0558.v10i2p233-257. Disponível em: https://revistas.usp.br/rdda/article/view/195980.