ASSOCIAÇÃO DO PARTO PREMATURO E BAIXO PESO AO NASCER COM A PERIODONTITE MATERNA

Resumo

Objetivo: O presente estudo teve como objetivo avaliar a existência de uma possível relação entre o nascimento de bebês prematuros e/ou com baixo peso e a doença periodontal materna. Materiais e método: Realizou-se uma revisão de literatura nas bases de dados Medline (Literatura Internacional em Ciências), Lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), BBO (Bibliografia Brasileira de Odontologia) e Scientific eletronic Library Online (SciELO). Como critérios de inclusão, foram elegidos artigos científicos publicados na íntegra, gratuitamente, redigidos na língua portuguesa e inglesa, publicados entre os anos de 2000 a 2018 e relacionados diretamente ao tema proposto. Resultados: Foram selecionados 40 artigos relevantes, dos quais apenas 20 apresentavam evidências científicas sobre a relação entre periodontite e nascimento de crianças pré-maturas e/ou com baixo peso. O processo inflamatório que acomete a estrutura de proteção e/ou sustentação dos dentes é chamado de doença periodontal, sendo seu fator etiológico o biofilme dental. Esse processo pode se manifestar na forma de gengivite, quando se restringe a gengiva, e quando não tratada corretamente migra para os tecidos de sustentação dos dentes, como, o osso alveolar, ligamentos e cemento, acarretando em perda óssea e sendo chamado de periodontite. Desde muito tempo a Periodontia reconhece as influências que fatores sistêmicos como a diabetes, obesidade, artrite, estresse, medicamentos, entre outros, exercem sobre a relação saúde-doença periodontal. Estudos periodontais têm analisado a relação entre a periodontite e os desfechos adversos na gestação. Dessa forma, analisa-se a possibilidade de que a infecção periodontal da gestante seja uma grande influenciadora do nascimento do bebê prematuro e/ou com baixo peso, já que essa doença causa a destruição tecidual dentária. Como a periodontite é ocasionada pelo acúmulo de bactérias nas regiões inflamadas, pode ocorrer a translocação dessas bactérias via hematogênica para a unidade feto-placentária ou os sítios periodontais podem produzir mediadores que passam a produzir citocinas tóxicas ao feto. As complicações de uma gravidez associada à presença da periodontite são caracterizadas por bebês pré-termo (nascidos antes de completar 37 semanas), bebês prematuros (com menos de 32 semanas) e bebês com baixo peso ao nascer. Essas complicações ocorrem por uma série de fatores de diferentes naturezas, podendo trazer consequências graves, como o aumento da taxa de mortalidade por paralisia respiratória, necessidade de cuidados neonatais e cegueira. Tais complicações na gravidez são consideradas problema de saúde pública, estimando-se que o nascimento prematuro contribui de 50% a 70% para a mortalidade neonatal. É fato que os cuidados odontológicos pré-natais são essenciais durante a gravidez, uma vez que estudos mostram que o tratamento da doença periodontal reduz a incidência de bebês prematuros e com baixo peso ao nascer quando comparado à ausência de tratamento. Conclusão: A presença de infecção periodontal pode representar um caminho adicional de exposição infecciosa e inflamatória para a unidade feto-placentária, constituindo-se em ameaça potencial para a gestação. Compreende-se, portanto, que mulheres gravidas são um grupo que requer maior atenção no que se refere à saúde bucal, tornando necessário o acompanhamento odontológico no pré-natal, considerando o fato de que nesse período as alterações hormonais da gravidez poderão agravar as infecções já instaladas.